
Câmara Municipal de Matosinhos decretou dois dias de luto municipal, 29 e 30 de novembro, lamentando a perda de um dos maiores nomes do desporto nacional
Vitor Oliveira, de 67 anos, faleceu este sábado de manhã enquanto passeava em Angeiras, perto do local de residência. A Câmara Municipal de Matosinhos lamenta o falecimento de um dos mais ilustres matosinhenses que ficará para sempre na história da Cidade, do seu clube, Leixões Sport Clube que assinala hoje o seu 113.º aniversário, e do Desporto Nacional, apresentando à família as mais sentidas condolências e decretando dois dias de luto municipal, 29 e 30 de novembro.
Recorde-se, no ano passado, nas Festas do Senhor de Matosinhos, em dia de feriado municipal, a Câmara Municipal homenageou Vitor Oliveira com a atribuição de Medalha de Mérito Dourada e Medalha de Valor Desportivo Dourada, uma distinção honorífica decidida por unanimidade pelo Executivo.
Vítor Manuel Oliveira nasceu a 17 de novembro de 1953, em Matosinhos.
A sua infância foi passada a jogar futebol na praia como qualquer criança. Aos 12 anos, começou a jogar basquetebol, mas o futebol falava mais alto e, dois anos depois, entrou para o futebol no Leixões SC.
O seu pai era pescador de sardinha. A sua mãe era peixeira e levantava-se às quatro da manhã para ir para a lota. A vida difícil da pesca levou os pais de Vitor Oliveira a desejar um futuro melhor para o filho, daí que o tenham sempre incentivado a prosseguir os estudos. Bom aluno a física e matemática, mediano nas letras e nas línguas, foi na escola que conheceu Henrique Calisto. Aos 12 anos, Vítor Oliveira foi trabalhar, por “castigo” dos pais, – tinha “chumbado de ano” - para um depósito de produtos alimentares que fornecia as mercearias da zona de Matosinhos. Nesse verão, aproveitava as deslocações para espreitar os jogos de Portugal e de Eusébio do Mundial de 66, em Inglaterra.
Estreou-se na equipa principal do Leixões contra o Benfica em 1972, defrontando Eusébio, Humberto Coelho, Nené, Artur Jorge e Jaime Graça.
Na sua carreira de jogador, nunca saiu de Portugal, passando por clubes como o Paredes, Famalicão, Sporting de Espinho, Sporting de Braga e Portimonense.
Com 19 anos, entrou para a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, para Engenharia Eletrotécnica, mas acabou por abandonar o curso, pois era difícil conciliar os estudos com o futebol.
Aos 31 anos, arruma as chuteiras e dedica-se à carreira de treinador. Começou no Portimonense, passou pelo Maia, até chegar ao Paços de Ferreira. A partir daí, começa o seu percurso histórico.
Considerado o campeão das subidas de divisão, Vitor Oliveira conseguiu promover 11 vezes equipas da Segunda para a Primeira Liga, nomeadamente, o Paços de Ferreira, a Académica, o União de Leiria, o Belenenses, o Leixões, o Arouca, o Moreirense, o União da Madeira, o Desportivo de Chaves e o Portimonense.
Aliás, foi pelas mãos de Vítor Oliveira, que o Leixões subiu para a Primeira Liga na época 2006/2007. Vítor Oliveira foi ainda campeão seis vezes, a última das quais em 2019, no Paços de Ferreira.
O prestigio deste matosinhense de postura discreta ultrapassou fronteiras e levou mesmo o grande jornal espanhol “El País” a chamar-lhe “el ascensor automático” já o britânico "The Guardian" traçou o seu perfil, caracterizando Vítor Oliveira por ter “uma extraordinária e irrepreensível veia de nómada”.
Os números serão sempre impressionantes: 34 anos de carreira, 24 empregos em 17 clubes tendo subido de divisão 11 vezes.
Vitor Oliveira cumpria um ano sabático depois de ter orientado o Gil Vicente na última época.
Matosinhos jamais esquecerá o homem, o treinador, o filho da terra… Até sempre, Vitor Oliveira!
