Portugal perdeu hoje um dos grandes vultos da cultura contemporânea.
Manoel de Oliveira, o grande cineasta português, faleceu hoje, 2 de abril, aos 106 anos.
Nasceu no dia 11 de Dezembro em 1908, no seio de uma família da burguesia industrial do Porto, ainda no tempo do cinema mudo.
O primeiro contacto com o cinema foi como ator, quando aos 19 anos fez figuração no filme "Fátima Milagrosa", de Rino Lupo, e com algumas experiências no cinema de animação.
Nas últimas décadas teve sucessivos projetos cinematográficos, uns mais amados que outros, uns mais premiados que outros, mas sempre fiéis a uma estética cinematográfica individual.
"Douro, Faina Fluvial", uma curta-metragem documental sobre a vida nas margens do rio Douro, foi o primeiro filme que Manoel de Oliveira rodou, então com 23 anos, com uma câmara oferecida pelo pai.
A paixão pelo cinema rivalizou com o gosto pelo atletismo e pelo automobilismo, modalidade em que conquistou alguns prémios.
Ao longo de oito décadas realizou mais de 50 filmes e documentários e 32 longas-metragens.
O cineasta somou dezenas de prémios e distinções em Portugal e no estrangeiro. Em 2004, o Festival de Cinema de Veneza brindou o cineasta com um Leão de Ouro que consagrou a carreira do realizador português. A condecoração com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique por Cavaco Silva, em 2008, foi um dos pontos altos do reconhecimento nacional da sua carreira. Em 2007, vence o Prémio de Cultura Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes, e, um ano depois, o Festival de Cannes prestou-lhe uma grande homenagem.
O último filme do cineasta foi a curta-metragem "O velho do Restelo", "uma reflexão sobre a Humanidade", estreada em dezembro passado, por ocasião do 106º aniversário.
Considerado o realizador mais velho em atividade, foi também, dos realizadores no ativo, o único que assistiu à passagem do cinema mudo ao sonoro e do preto e branco à cor.
Com obra espalhada por todo o mundo é um dos grandes marcos da cultura portuguesa e contribuiu como ninguém para a elevação do nome de Portugal pelo mundo.
O Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, em nome da Autarquia, apresenta à família enlutada os mais sentidos pêsames.
A Câmara Municipal de Matosinhos associa-se à homenagem decretada, cumprindo dois dias de luto nacional.