Câmara decreta três dias de luto municipal em homenagem ao Bispo Emérito de Setúbal nascido em Leça do Balio
D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, faleceu hoje com 90 anos.
A Câmara Municipal de Matosinhos lamenta profundamente o falecimento de D. Manuel Martins, nascido e criado em Leça do Balio e para onde regressou após 23 anos a exercer funções como Bispo de Setúbal, endereçando as mais sentidas condolências a toda a família, amigos, e a toda a comunidade matosinhense pela triste perda de um dos mais ilustres filhos da terra.
A Câmara Municipal de Matosinhos decretou ainda três dias de luto municipal informando que o funeral se realizará na próxima terça-feira à tarde.
D. Manuel da Silva Martins nasceu em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, em 20 de Janeiro de 1927. Depois de ter frequentado a escola primária da sua terra natal, fez os seus estudos nos Seminários do Porto e na Universidade Gregoriana, em Roma. Começou a sua atividade como professor de Direito Canónico no Seminário maior do Porto, de que foi Vice-reitor.
De 1960 a 1969 (durante o exílio de D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto) foi pároco de Cedofeita. Para além de uma atividade pastoral intensa, aí promoveu a construção de nova igreja (completada pelo seu sucessor) e a "Arca de Noé", para fins sociais e culturais. Recuperou ainda para o património paroquial a Creche de Cedofeita. Fundou também o jornal paroquial Alleluia e manteve por largo tempo um programa radiofónico semanal nos Emissores do Norte Reunidos.
Em 1969, quando D. António Gomes Ferreira regressou do exílio, foi reconduzido no cargo de professor do Seminário e nomeado vigário-geral da Diocese do Porto, tendo dirigido também a revista diocesana Igreja Portucalense.
Em Julho de 1975, foi nomeado 1º Bispo de Setúbal, tendo sido ordenado em 26 de Outubro. Com uma presença muito ativa, desenvolveu a sua ação pastoral até 24 de Abril de 1998, numa constante preocupação pela defesa dos mais carentes e marginalizados.
A passagem de D. Manuel Martins por Setúbal durou 23 anos, tempo em que a sua figura se impôs como personagem necessária à história contemporânea de uma região que atravessou fases, no mínimo, problemáticas. Foi dispensado da Diocese de Setúbal a seu pedido, em Abril de 1998, voltando para a sua terra natal, Leça do Balio, continuando a percorrer o País em intervenções na área do social, realizando conferências e ações de orientação para o clero,
A Câmara Municipal de Matosinhos acompanhou sempre de perto a vida e obra de D. Manuel Martins, tendo-lhe atribuído em Medalha de Honra de Matosinhos (Dourada) e o Titulo de Cidadão de Matosinhos em Maio de 1993. Atribui também o seu nome a uma rua e alameda. Em 2000, a Autarquia homenageou o Bispo Emérito de Setúbal com a colocação de um busto de bronze e granito da autoria de Anabela Paiva Junto ao Mosteiro de Leça do Balio. Para além de Matosinhos, várias autarquias atribuíram ao Bispo Emérito de Setúbal o título de "cidadão honorário", condecorando-o com medalhas de mérito e dando o seu nome, por exemplo, em Setúbal, a uma Escola Secundária e ao Pólo-Sul da Universidade Moderna. É Doutor "honoris causa", pela Universidade Lusíada.
Foi Presidente da Comissão Episcopal da Acão Social e Caritativa durante dois mandatos e da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo, também por dois mandatos, cargos que o levaram em missão pastoral a muitos países. Foi também Presidente da Secção Portuguesa da Pax Christi e da Fundação SPES.
O seu nome consta do Dicionário de Personalidades Portuguesas do século XX. É doutor honoris causa pela Universidade Lusíada e foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo e com o Galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República.
Em maio de 2015, D. Manuel Martins foi condecorado com a medalha da Ordem de Timor-Leste, pelo papel que teve na restauração da independência deste país.
Em março deste ano, o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou o percurso de vida de D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, por altura do seu 90º aniversário: “Nascido em Matosinhos, no norte de Portugal, D. Manuel Martins sempre manteve a fidelidade aos princípios e valores distintivos daquela região do país: o sentido de serviço aos outros, a dedicação ao trabalho e a preocupação permanente com a justiça social”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, num texto divulgado pela Presidência da República.
“Um carácter de eleição que impressiona, arrasta e seduz”, disse Ramalho Eanes no início deste sobre D. Manuel Martins.
D. Manuel Martins manteve-se sempre estreitamente ligado ao concelho de Matosinhos, marcando presença em muitos eventos importantes da autarquia.
Sobre a sua pessoa e ação foram publicados cinco livros: História de Uma Crise. O Grito do Bispo de Setúbal; Bispo de Setúbal, Um Homem Plural; D. Manuel Martins o Bispo de Todos; D. Manuel Martins, A Esperança de Um Povo; e D. Manuel Martins, Um Bispo Resignatário, Mas Não Resignado. Escreveu dois livros: Um Modo de Estar e Pregões de Esperança.
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