Quinze objetos representativos de diferentes épocas vão ilustrar passagem do tempo em Matosinhos, numa exposição que comemorará os 500 anos do Foral e que também homenageará quinze matosinhenses que se distinguiram em diversas áreas.
A história de uma comunidade também se conta através dos objetos usados por aqueles que, século após século, ajudaram a forjar a sua identidade. A exposição “15 Tesouros da História de Matosinhos”, que será inaugurada no próximo dia 30 de Setembro, na Galeria Nave, pretende, assim, assinalar o 500º aniversário do Foral atribuído pelo rei D. Manuel I a Matosinhos em 1514, mas também ilustrar as principais marcas históricas do concelho, dos bifaces pré-históricos encontrados na zona da Boa Nova à Piscina das Marés que o arquiteto Álvaro Siza desenhou para Leça da Palmeira.
Os quinze objetos selecionados para contar a história de Matosinhos são, pela sua importância e pelo seu valor patrimonial e artístico, ícones das diversas épocas de construção da identidade matosinhense, a maior parte dos quais só muito raramente podem ser vistos pelo público. O seu carácter excecional permitirá lançar luz sobre o percurso histórico deste território, narrando-o e concretizando-o. No centro da mostra estará o Foral de 1514, uma peça que pertencendo ao espólio da Biblioteca Pública Municipal do Porto, irá pela primeira vez ser apreciada na cidade a que deu origem.
A exposição mostrará ainda vasos pintados do período da Idade dos Metais e da romanização, recolhidos no Castro de Guifões, uma Ara dedicada ao deus Júpiter, uma placa funerária de bronze do Mosteiro de Leça do Balio (Idade Média) ou a tapeçaria de Guilherme Camarinha que evoca as origens lendárias do Senhor de Matosinhos. Do período do Renascimento haverá um crucifixo indo-português da paróquia de Leça da Palmeira e uma imagem de São Pedro. O altar em talha da Capela do Corpo Santo ilustrará o período barroco e a chave do cofre do Obelisco da Memória remeterá para o desembarque dos liberais no século XIX. Um escafandro histórico aludirá à construção do Porto de Leixões e a atividade piscatória será evocada pela pintura “Pescadores”, de Augusto Gomes. A memória da indústria ficará a cargo de um painel publicitário de azulejos, originário da Real Vinícola, enquanto as antigas fábricas de conservas serão recordadas por um balancé de corte de tampos. A finalizar o passeio pela história do concelho estará a maqueta da Piscina das Marés, símbolo da contemporaneidade e do cosmopolitismo de Matosinhos.
Além dos 15 tesouros, a exposição apresentará uma galeria de matosinhenses notáveis, de frei Esteves Vasques Pimentel, responsável pela construção do Mosteiro de Leça do Balio, a Óscar Lopes, passando por Gonçalves Zarco, Passos Manuel, Florbela Espanca, Guilhermina Suggia, Abel Salazar, o bispo brasileiro frei João de S. José ou João Rodrigues de Sá, o donatário de Matosinhos cujas galés de corsários libertaram Lisboa do cerco de 1384.
O dia da inauguração de exposição “15 Tesouros da História de Matosinhos” ficará também assinalado pelo espetáculo de rua “Cidade Encantada”, um projeto com direção de Luisa Pinto e dramaturgia de João Costa que envolverá uma centena de participantes e ressuscitará algumas das lendas matosinhenses para comemorar os 500 anos do Foral do concelho.
