Os efeitos da crise económica que assola o País levaram a Câmara Municipal de Matosinhos a mobilizar a sociedade civil para uma reflexão conjunta num encontro, que decorreu no dia 26 de Novembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, versando sobre o tema “Novos tempos, novas respostas sociais”.
O Presidente da Autarquia reuniu especialistas de vários quadrantes e manifestou a intenção de “fazer a diferença na vida das pessoas”, “não só no aspecto material, mas também imaterial”, mesmo “em tempos de crise”. Numa altura “em que é preciso reflectir sobre a questão da sustentabilidade”, o Dr. Guilherme Pinto defendeu o trabalho em rede e a necessidade de “confiarmos uns nos outros”.
“Mais do que fazer a diferença em cada um de nós, é fundamental que esta reunião faça a diferença na vida dos concidadãos. É preciso que as pessoas acreditem que é possível fazer melhor”, acrescentou o edil a propósito do Encontro “Novos tempos, novas respostas sociais”.
O Bispo do Porto defendeu veementemente que “praticar a cidadania comum e a solidariedade é o único caminho para sair desta crise”, apostando na importância da dignidade humana, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade. Realçou ainda que o conjunto de meios que cada sociedade partilha para que cada um dos seus membros é decisivo para que esta se possa desenvolver em todos os domínios.
O Prof. Alfredo Bruto da Costa assumiu que os problemas sociais não se resolvem sem uma alteração das políticas económicas. “Enquanto continuarmos a tentar resolver a pobreza com políticas sociais, estamos a entreter a pobreza”, afirmou. Precisando a sua tese, e citando o sociólogo inglês Victor George, o Prof. Alfredo Bruto da Costa frisou que “um problema só é social quando as suas causas estão na sociedade”. Dando como exemplo o isolamento dos idosos e a exclusão dos deficientes, o investigador defendeu a necessidade de “organizar a sociedade de outra forma, para que idosos e deficientes tenham lugar nessa mesma sociedade”.
O Professor Alberto Castro, investigador e docente da Faculdade de Economia do Porto, abordou as novas medidas de apoio socioeconómico. Partindo do exemplo de Matosinhos e do sucesso do programa municipal de apoio ao arrendamento, o economista afirmou que “não há uma política que se possa aplicar universalmente, pois a realidade varia de região para região”. “É importante que se conheça muito bem a realidade sobre a qual essas políticas vão ser aplicadas. Entendo que as políticas sociais, se forem bem desenhadas, podem ajudar a erradicar a pobreza, mas é preciso políticas específicas. Políticas que tentem romper o ciclo vicioso”, sintetizou.
Já o sociólogo Eduardo Victor Rodrigues, que falou das estratégias de proximidade e inclusão cativa, apresentou a sua perspectiva sobre a vulnerabilidade económica de hoje. “Esta pobreza, ao contrário do que se pensa, não é a pobreza do pobre, mas é um problema da estrutura que o produz, resulta das dinâmicas e de factores que lhe são externos”, referiu.
Novos Tempos implicam Novas Respostas Sociais que foram apresentadas pelo Vice-presidente da Autarquia e responsável pelo pelouro da Acção Social, Dr. Nuno Oliveira.
O autarca desafiou todos a participar de forma activa e cooperativa nas nove medidas que Matosinhos se propõe concretizar. (Hiperligação para a Apresentação). As propostas em debate tentam dar uma resposta a problemas concretos e do quotidiano. Surgem hoje problemas que interrompem o equilíbrio de muitas famílias: Pagar e manter a casa, comprar medicamentos, mandar os filhos à escola, encontrar emprego ou criar uma empresa que sustente a casa, ter o necessário para a alimentação, vestuário ou para gerir dívidas à banca, são algumas dessas evidências, para as quais Matosinhos avança com contributos que minimizem as dificuldades.
No final das intervenções, seguiu-se o debate, moderado pelo jornalista Carlos Rico. Presentes neste encontro estiveram autarcas de freguesia e de outros municípios, deputados, representantes de instituições do Concelho, da Segurança Social, das Escolas, da Unidade Local de Saúde, párocos, empresários, entre os quais o Vereador da Cultura, Fernando Rocha, o Vereador da Educação, Prof. António Correia Pinto, a Vereadora do Ambiente, Dr.ª Joana Felício, o Vereador do Desporto, Dr. José Guilherme Aguiar, a administradora da Matosinhos Habit, Eng. Olga Maia, e o Presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Vilaverde.
Conteúdo atualizado em30 de novembro de 2011às 10:23