
Os novos desafios da revolução digital e a qualificação dos recursos humanos foram alguns dos temas abordados no debate
O Salão Nobre dos Paços do Concelho acolheu ontem à noite um debate sobre o presente e o futuro da atividade económica, na sequência do impacto da pandemia por COVID-19 a nível mundial.
O debate, em formato webinar “Matosinhos à Conversar”, foi transmitido em direto, na página de Facebook da Câmara Municipal de Matosinhos.
Moderado pelo jornalista e diretor geral do Porto Canal, Júlio Magalhães, o debate contou com a participação da presidente da Autarquia, Luísa Salgueiro, do presidente da Associação Empresarial de Portugal, Luís Ribeiro, do administrador do Centro Empresarial Lionesa, Pedro Pinto, do presidente do Conselho da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, Nuno Araújo, e da vice-dean da Porto Business School, Patrícia Lopes.
Presentes estiverem também o Vice-presidente da autarquia, Fernando Rocha, e o administrador da MatosinhosHabit, Tiago Maia.
A presidente da Câmara Municipal fez o retrato económico do concelho ao fim de seis meses de pandemia. “Matosinhos é o oitavo concelho do país em termos de concentração de atividade económica, o quarto a nível de emprego e o quinto ao nível das exportações. Em 2019 abriram em Matosinhos 900 novas empresas. Este ano, até setembro foram cerca de 500. Sentimos o impacto da pandemia ao nível do emprego, nos contratos a prazo que não renovados. Alguns setores resistem melhor do que outros. A restauração foi resistindo. Permitimos que aumentassem as esplanadas na via pública, entre outras medidas de apoio”, explicou Luísa Salgueiro.
A edil reconheceu que houve necessidade de “redefinir as nossas prioridades e afetar uma parcela do nosso orçamento para apoiar diretamente as famílias e as empresas, através da Fundo de Emergência Municipal”.
A vice-dean da Porto Business School, Patrícia Lopes, recordou que, “ainda estávamos a recuperar da crise financeira de 2010/2011”, quando “entramos no meio de uma tempestade”. “O nosso crescimento era muito apoiado no turismo e nas pequenas e médias empresas exportadoras, mas a pandemia veio mudar tudo. A incerteza em relação ao futuro leva a que as previsões de crescimento do PIB sejam tão distintas. A recuperação não vai ser simples. Estamos muito dependentes das condições sanitárias e do retorno da confiança dos consumidores. Há áreas que estão a começar a recuperar alguma coisa, mas outras não. A situação económica é muito grave. Quando os cuidados paliativos – como as moratórias- é que vamos sentir”, sublinhou.
O presidente da Associação Empresarial de Portugal, Luís Ribeiro, frisou que a “crise afetou a oferta e a procura”, e veio demonstrar “à Europa o erro que foi desinvestir na indústria e de ficarmos dependentes de outros mercados”. “A nossa capacidade de exportação passou de 30% para 44%, mas em apenas dois trimestres, regressámos aos níveis anteriores à nossa entrada na CEE”, adiantou.
Quanto ao futuro, Luís Ribeiro defende a necessidade de qualificação dos recursos humanos (inclusivamente dos empresários), face aos novos desafios do mundo digital, e a importância “das políticas públicas estarem ao serviço da economia e das empresas”, dando como exemplo o regime de lay-off simplificado ou as moratórias bancárias.
Já do ponto de vista do administrador do Centro Empresarial Lionesa, Pedro Pinto, “o mundo está hoje melhor preparado” para lidar com os efeitos da pandemia do que estava depois da II Guerra Mundial, daí que defenda a importância de “continuarmos a sonhar”. Pedro Pinto entende que “o Porto e o Norte têm de se assumir como a fábrica do país”.
Segundo o presidente do Conselho da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), Nuno Araújo, além da quebra nas importações e das exportações, verificou-se uma quebra no turismo, visível no cancelamento das escalas no Terminal de Cruzeiros previstas para este ano e para o próximo, e no mercado de cruzeiros na Via Navegável do Douro.
Relativamente ao futuro pós- pandemia, Nuno Araújo referiu o Plano de Transição Energética, que poderá contar com financiamento comunitário ao abrigo do programa “Next Generation EU”.
