
Terminou a 2ª edição do Congresso Nacional de Gastronomia Matosinhos à Mesa. Durante dez dias, a animação foi constante, entre debates, provas de vinhos, show cookings e surpresas permanentes no Espaço Gourmet que, em pleno período das Festas do Senhor de Matosinhos, foi um forte pólo de atracção para milhares de visitantes.
Na sexta-feira, dia 15 de Maio, foi dado o arranque para a componente mais teórica do congresso. Durante dois dias, privilegiou-se a de troca de ideias, opiniões e experiências no âmbito da gastronomia, da restauração e dos vinhos.
Com um comissariado composto por Fernando Melo ("Revista de Vinhos"), Hélio Loureiro (Solinca e Selecção Nacional de Futebol) e José Silva (crítico gastronómico), este congresso direccionou-se não só aos conhecedores e a pessoas ligadas à gastronomia, mas também à população em geral.
Assim, o primeiro tema a ser debatido foi “Ter um Restaurante”, tendo Fernando Melo como moderador. António Silva, proprietário de um dos mais conhecidos restaurantes de Leça da Palmeira (“O Chanquinhas”) teve a seu lado o Chefe Pedro Nunes do Restaurante S. Gião de Moreira de Cónegos. O resultado final foi uma salutar e útil troca de ideias sobre a temática abordada.
O segundo debate centrou-se nas questões da formação em hotelaria e turismo, áreas cada vez mais imprescindíveis para fomentar a qualidade da restauração, explorando novas formas de estar, de servir, e de abordar quer a nossa riquíssima gastronomia, quer outros caminhos alternativos que conquistam cada vez mais admiradores, como a gastronomia japonesa, indiana, tailandesa, mexicana ou brasileira.
Desta vez, o comissário Hélio Loureiro ficou responsável pela moderação das questões relacionadas com a formação, onde as escolas superiores de hotelaria têm um papel cada vez mais importante e decisor no caminho que o turismo vai traçar para o futuro. Marcaram presença a Arqª Dora Araújo da Escola de Hotelaria do Porto, a Dra. Olga Sá da Escola Profissional Infante D. Henrique, do Porto, António Bompastor da Escola Mil Paladares, Romeu Rodrigues da Escola Superior de Hotelaria de Ceia, e Gonçalo Melo da Escola do Fundão.
O terceiro painel deste congresso dedicou a sua atenção a um tubérculo com uma vasta história de “conquistas”: a batata, um dos vegetais mais utilizados no mundo.
A batata é originária do Peru, onde fora cultivada desde eras imemoriais pelo povo inca, sendo chamada “papa” na língua quichua. Ainda em nossos dias, nos países andinos, produzem-se e se comercializam mais de 200 variedades diferentes de batatas.
Refira-se que, recente pesquisa baseada no DNA deste tubérculo comprovou que todas as variedades da batata descendem de uma única variedade de planta originária do sul do Peru. Esta mesma pesquisa evoca evidências arqueológicas de que o vegetal ali já era cultivado há 7.000 anos para efeitos de alimentação humana.
Em 1570 a batata foi levada para a Espanha, de lá se disseminando para a Europa e depois para todo o mundo. Actualmente, a cultura mundial atinge a cifra de cerca de 300.000.000 toneladas/ano.
Coube a José Silva moderar esta interessante conversa sobre a História e Desenvolvimento da Batata em Portugal e no Mundo, com Vírgilio Gomes, o médico Luís Romariz, que falou da importância da batata na nossa alimentação, e José Justo, produtor de batata e carne de vitela do Lameiro do Barroso”.
O dia 15 de Maio terminou com um “brinde” especial ao vinho, ou seja, com um painel com o tema “O Vinho e a Vinha: Cenários Globalizantes” onde, mediante a moderação do comissário Fernando Melo, marcaram presença João Paulo Gouveia, Professor da Escola Superior de Gastronomia de Viseu, bem como Jorge Sousa Pinto e Luis Sottomayor da Casa Ferreira.
O sábado, dia 17 de Maio, reservou-nos mais três painéis, todos diferentes entre si, mas com temáticas interessantes e oportunas, numa terra onde o peixe é rei e onde se localiza uma das mais dinâmicas confrarias gastronómicas do país.
Assim, o primeiro debate, que contou com a presença de Agostinho da Mata da Propeixe e de um representante da Fábrica de Conservas La Gondola, foi sobre “O Peixe: fresco, congelado, conservas e refeições prontas”. José Silva moderou um tema particularmente importante para Matosinhos onde as conserveiras e o comércio de peixe fresco e congelado são actividades económicas de grande peso económico, histórico e cultural.
Depois, no segundo painel, moderado por Hélio Loureiro, falou-se de confrarias, da sua tradição e do seu receituário. Noémia Pires foi a representante da Confraria Gastronómica do Mar. Marcaram ainda presença Aníbal Soares, Presidente da Chaine dês Rotisseurs e Armando Fernandes, investigador histórico, estudioso das temáticas ligadas às confrarias e à recolha de receituários antigos.
Depois do almoço, deu-se início ao terceiro painel do dia e último deste 2º Congresso Nacional de Gastronomia: Produtos DOP (Denominação de Origem Protegida), destacando-se a presença da Engª Ana Soeiro (“mãe” dos Produtos Dop), Élio Silva (produtor de azeite da Quinta do Pinheiro), António Vaz Patto, produtor de queijos da Queijaria dos Lobos, Engº José Pedro Fragoso Almeida, produtor de Carne Mirandesa, e Raquel Laranjeiro Ferreira (distribuidora de produtos alimentares do Nordeste “Tradição em Casa”).
Refira-se que a DOP - Denominação de Origem Protegida, é um nome geográfico usado para designar um produto cuja produção, transformação e elaboração ocorrem numa região delimitada, com um saber-fazer devidamente reconhecido e verificado.
Ao adquirir um produto cujo nome seja uma DOP, o consumidor tem a garantia de que o produto foi obtido através de métodos ancestrais, que possui características inigualáveis aos níveis de aroma e palato, e que foi sujeito a um rigoroso sistema de controlo independente, instituído ao longo da sua fileira de produção.
Todos os produtos beneficiários de uma Denominação de Origem Protegida encontram-se devidamente identificados com o nome do produto, acrescido da menção DOP e da respectiva marca de certificação e logótipo comunitário.
E assim terminou a 2ª edição do Congresso Nacional de Gastronomia Matosinhos à Mesa. Um evento de dimensão nacional e, em simultâneo, um convite para uma visita a Matosinhos, à sua gastronomia e à sua arte de bem servir!