
2ª edição do Ciclo de Conferências promovidas pela Câmara de Matosinhos e pelo JN
A pandemia trouxe novos desafios sociais agudizando, em alguns casos, velhos problemas para os quais é importante alcançar novas soluções.
Consciente deste facto, a Câmara Municipal de Matosinhos está a promover em articulação com o Jornal de Notícias, um ciclo de dez conferências temáticas com o objetivo de refletir sobre as novas soluções para os novos problemas que a pandemia criou.
Depois do tema da inovação social na primeira edição deste ciclo de conferências, as reflexões de hoje desenvolveram o tema “Cultura: e depois da crise”, promovendo-se, desta forma, a análise das consequências da pandemia no setor cultural, uma das áreas de atividade mais atingidas.
A conferência, que foi transmitida em direto em jn.pt, decorreu hoje de manhã no Salão Nobre dos Paços do Concelho, perante uma plateia diminuta face às condições impostas pela pandemia, mas transmitida também em direto nas redes sociais do Jn e da Câmara Municipal.
A sessão de abertura esteve a cargo da Diretora do Jornal de Notícias, Inês Cardoso, que fez uma breve contextualização sobre a importância destes debates, realçando, no caso específico do setor da cultura, os efeitos evidentes e múltiplos desta crise pandémica, no teatro, na música, e em muitas outras vertentes culturais, visíveis em todos os cancelamentos que têm vindo a ocorrer, mas também, uma crise que afeta, para além daqueles que pisam os palcos, todos os que estão nos bastidores, no planeamento, na produção e na própria divulgação de eventos.
A conferência, moderada pelo jornalista Paulo Ferreira, contou com a participação do público presente (em número limitado) e dos seguidores nas plataformas digitais.
Durante a conferência foi, ainda, possível assistir a dois depoimentos gravados, um de Joel Cleto, historiador, e outro de José Bártolo, da ESAD (Escola Superior de Artes e Design).
Seguiu-se Pedro Sobrado, Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional de S. João que começou por tecer uma série de considerações em torno dos conceitos de crise e de cultura, abordando outras questões como a considerável contribuição do setor cultural no PIB europeu e o número de empregos gerados. Pedro Sobrado referiu-se, ainda, à dúvida existente no que respeita à adesão do público aos espetáculos em tempo de pandemia, que se revelou surpreendente, mesmo face a todos os condicionalismos por ela provocados que, à partida, ditariam uma fraca adesão do público mas que, na verdade, não se verificou nos eventos realizados. “Tivemos de reinventar horários mediante as imposições do estado de emergência, mas mesmo assim, o público aderiu”, reforçou Pedro Sobrado. Por fim, o conferencista referiu-se à crise de saúde pública que vivemos e que, indiscutivelmente, desacelerou e travou as nossas vidas, tendo um impacto devastador na área cultural, realçando que o que de positivo esta crise pode trazer para este setor é o da constatação inquestionável da necessidade de criação do estatuto do artista e do profissional da cultura, uma novela que se arrasta há 20 anos e que precisa de conhecer um final feliz.
O Vice-Presidente e Vereador da Cultura da Câmara de Matosinhos foi também um dos intervenientes nesta conferência, referindo-se ao conceito anteriormente abordado de cultura e falando um pouco sobre as opções culturais que foi tendo para o concelho de Matosinhos ao longo destes anos, tantas vezes questionadas, mas que deixarão para sempre uma marca no concelho e que tornam hoje possível uma política cultural consistente em Matosinhos.
Por fim, a Presidente da autarquia procedeu ao encerramento desta sessão. Entre várias questões, Luísa Salgueiro abordou as consequências nefastas originadas pela pandemia no setor cultural, não deixando de evidenciar as suas preocupações em torno do que podem ser as preferências de consumo para o futuro, mas não quis deixar passar a oportunidade para enaltecer e importância deste setor nesta fase pandémica. “As artes foram, mais uma vez, um escape para os dias em que vivemos. A música, o cinema e a literatura estiveram ainda mais presentes nas nossas vidas”, salientou. “Agora mais perto de ver o fim deste túnel fundo, é que muitos de nós vamos ter a perceção de como a leitura, o cinema e a música foram fundamentais para minimizar a dor provocada pelo isolamento.”
