Um milhão de exemplares dedicados à poetisa que se apaixonou por Matosinhos e à artista plástica cuja obra pode ser vista na Galeria Nave.
Florbela Espanca e Maria Keil são duas das seis figuras que os Correios de Portugal vão homenagear, já a partir do próximo dia 24 de março, com o lançamento de um milhão de selos.
Mulher de paixões tumultuosas e de uma poesia carregada de erotismo, Florbela Espanca (Vila Viçosa, 08-12-1894- Matosinhos, 08-12-1930) viveu e suicidou-se aos 36 anos em Matosinhos.
Os casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas, em geral, e a morte do irmão, num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927, marcaram profundamente a sua vida e obra.
A poesia de Florbela Espanca caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito. Simultaneamente, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a natureza.
Além da dar o seu nome à Biblioteca Municipal, a Câmara Municipal de Matosinhos criou um dos maiores eventos- a Festa da Poesia- por volta do dia 8 de Dezembro, assinalando a data do nascimento e morte da poetisa.
Em homenagem à obra de Florbela Espanca, a autarquia lançou o livro “Perdidamente”, que apresenta cartas inéditas de Florbela Espanca, redigidas entre 1920-1925.
A correspondência abrange o período do início da relação de Florbela (à data ainda casada, mas separada de Alberto Moutinho) com António Guimarães, que viria a ser o seu segundo marido (1920, início da relação – 1923, primeiros sinais da rutura que ocorrerá em 1924).
Esta correspondência integra o Fundo de Reservados da Biblioteca Municipal Florbela Espanca, que acolhe espólios de outros importantíssimos escritores e homens de cultura, como António Nobre, Armando Lessa e Óscar da Silva.
Este espólio foi adquirido em 2006 a um particular e é composto por manuscritos autógrafos, cartas da autora e para a autora, um quadro do irmão Apeles, documentos biográficos, impressos da autora e sobre esta, bem como centenas de recortes de imprensa com vários versos e artigos.
À memória de Florbela Espanca, os CTT dedicam o selo, com a taxa de correio doméstico de 0,40 €, tendo como fundo o poema manuscrito “Ser Poeta”, exposto na Biblioteca Pública de Évora.
Maria Keil (Sines, 9 de Agosto de 1914 - Lisboa, 10 de Junho de 2012) destacou-se como pintora e ilustradora, mas a sua obra é vasta e diversificada, e inclui obras nas áreas do design gráfico e de mobiliário, tapeçaria e cenografia. Maria Keil desempenhou, todavia um papel crucial na renovação do azulejo contemporâneo em Portugal. Aliás, são ainda visíveis os painéis de azulejos de sua autoria em algumas estações de metro em Lisboa como Martim Moniz, Intendente, Anjos, Arroios, Alameda, Restauradores, Areeiro, Roma, Alvalade, Campo Pequeno, Rossio, Marquês de Pombal, Entre Campos ou Praça de Espanha. O seu trabalho na Avenida Infanto Santo, em Lisboa, mais concretamente o painel de azulejos intitulado “O Mar”, ilustra o selo de 0,50 € que os CTT irão lançar.
O percurso multifacetado de Maria Keil, ao longo de oito décadas, as suas diferentes abordagens e suportes, são agora objeto de uma retrospetiva a não perder em Matosinhos, numa parceria entre a Câmara Municipal e o Museu da Presidência da República. A exposição “de propósito - Maria Keil, obra artística” pode ser visitada até ao próximo dia 19 de abril na Galeria Nave até 19 de abril. A entrada é livre.
Além de Florbela Espanca e Maria Keil, as novas edições dos selos dos CTT serão protagonizados por Joaquim Namorado, João Hogan, António Dacosta e Sebastião e Silva.
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