
Fundação norte-americana atribui 100 mil euros a estudo sobre a obra de Álvaro Siza
A Piscina das Marés, projetada pelo arquiteto Álvaro Siza em Leça da Palmeira, continua a conquistar prémios em todo o mundo.
Desta vez, foi distinguido um projeto da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos, e que visa estudar a gestão e conservação da Piscina de Marés.
Coordenado por Teresa Cunha Ferreira, o projeto recebeu uma bolsa de 100 mil euros atribuída pela Fundação Getty, criada em 1984 e sedeada nos Estados Unidos da América, no âmbito do programa “Keeping It Modern”.
Das 90 candidaturas, apenas 13 projetos foram distinguidos em países como Portugal, Alemanha, Países Baixos, Reino Unido, Bulgária, Rússia, Estados Unidos, Chile, Índia, Kuwait, Nigéria e Senegal.
Inaugurada em 1966, a Piscina de Marés é uma das obras mais emblemáticas do arquiteto Álvaro Siza.
Em 2011, foi classificada como Monumento Nacional e, em 2017, foi incluída na lista indicativa do Património Mundial pela UNESCO.
Consciente da importância da preservação daquele património, a Câmara Municipal de Matosinhos avançou com uma profunda e minuciosa obra de conservação, restauro e reabilitação da Piscina das Marés.
A obra foi determinada em virtude da deterioração de vários elementos, como a estrutura do betão armado, o tanque principal da piscina e o sistema de filtração de água salgada.
O projeto de reabilitação é também da autoria do arquiteto matosinhense e galardoado com o Prémio Pritzker que, aliás, tem acompanhado a execução dos trabalhos e todas as suas especificidades.
O projeto de intervenção em curso envolve a correção de patologias e a reposição do estado original dos espaços quer no exterior quer no interior do equipamento, incidindo sobretudo nas paredes enterradas, nas coberturas e nas superfícies expostas à erosão marítima e o consequente desgaste motivado pela utilização.
Os trabalhos abrangem também a renovação de redes e instalações elétricas, a requalificação dos espaços exteriores e a sua ligação com a praia e com a via pública.
As alterações em curso incidem ainda sobre as instalações sanitárias com o objetivo de melhorar o seu funcionamento e a sua acessibilidade.
A distinção da Fundação Getty permite aos investigadores elaborar, ao longo dos próximos três anos, um plano para a gestão e conservação da Piscina das Marés, salvaguardando os princípios arquitetónicos, a integridade e a autenticidade do edifício, e criar uma metodologia adaptável a outras obras da autoria do arquiteto.
Desenvolvido por uma equipa multidisciplinar, o projeto contará, além da autarquia, com a participação ativa do arquiteto Álvaro Siza e do ICOMOS-Portugal, o comité português do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios, organização não-governamental associada à UNESCO.
