Conservação do património em destaque no segundo dia
O segundo dia do 1.º Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos iniciou-se com uma visita guiada a todos os participantes pelo Monumento do Senhor do Padrão e pelo Santuário do Bom Jesus.
A tarde foi dedicada à conservação do património. Os vários painéis, que tiveram lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho, foram moderados pelo historiador Joel Cleto. Presente esteve também o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, Fernando Rocha.
José Marques, da empresa Empatia. Arqueologia, Conservação e Restauro”) responsável pelos trabalhos de restauro e conservação do Monumento do Senhor do Padrão, falou da intervenção realizada no monumento do século XVIII, classificado como monumento nacional desde 29 de setembro de 1977.
O monumento do Senhor do Padrão, também conhecido por Senhor do Espinheiro ou Senhor da Areia, assinala o local onde, segundo a lenda, apareceu a imagem do Bom Jesus de Bouças, mais tarde conhecida por Senhor de Matosinhos.
Devido à sua longevidade e à proximidade da praia, o monumento apresentava sinais de desgaste. As intervenções de conservação e restauro tiveram como objetivo a estabilização, preservação e reposição dos elementos integrados presentes, nomeadamente os azulejos, rebocos, cantarias, esculturas em calcário e gradeamentos.
Destaque para a substituição das quatro esculturas “Os Evangelistas - S. Marcos, S. Lucas, S. João e S. Mateus”. Após a intervenção de conservação e restauro, as imagens originais foram guardadas no Museu da Misericórdia e substituídas por réplicas.
Seguiu-se a intervenção de Miguel Ángel González (Delegado diocesano do património artístico e responsável pelo Património da Catedral de Ourense - Espanha), que falou sobre a Capela de Santo Cristo de Ourense.
Diz-se que a imagem foi, à semelhança da de Matosinhos, foi esculpida por Nicodemos e atirada ao mar, tendo sido descoberta por marinheiros em Finisterra e levada para a Catedral de Ourense em 1335. O crescimento da devoção ao Santo Cristo fez com que fosse erigida uma capela na Catedral de Ourense no século XIV. Já no século XVI, torna-se um culto à parte e ganha uma importância própria.
A imagem do Senhor de Matosinhos foi, como se sabe, restaurada por Alexandre Maniés (Mestre em Restauro pela Universidade Católica Portuguesa). O estudo técnico, com recurso a Tomografia Computorizada (TAC), foi hoje apresentado pelo autor aos participantes do congresso.
Aliás, este trabalho de conservação e restauro daquela escultura medieval deu origem a um livro, lançado há três anos, intitulado “O rosto verdadeiro do Senhor de Matosinhos”. As alterações que a imagem foi sofrendo ao longo dos anos, as várias “camadas” de pintura e as diferenças na sua estrutura foram alguns dos aspetos abordados.
O segundo dia do Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos terminou com a intervenção de Paulo Dordio (CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória” / Sala 4, Design de Comunicação), acerca do percurso de Emídio José Ló Ferreira, futuro Visconde de Trevões, da sua ligação ao Brasil, e do seu contributo para o desenvolvimento de Matosinhos.
Emídio José Ló Ferreira nasceu em 1860, na aldeia de Trevões do concelho de S. João da Pesqueira. Em busca de melhores condições de vida, partiu por volta de 1884 para Matosinhos para trabalhar no porto de Leixões.
Oriundo duma família numerosa, Ló Ferreira partiu mais tarde para o Brasil, em busca de fortuna. Em S. Paulo, e com a ajuda do governador do Estado, Constantino Nery, singrou no setor da construção civil.
Quando regressa a Portugal, decide prestar homenagem ao seu benfeitor brasileiro, fundando em Matosinhos o Cine-Teatro Constantino Nery (hoje Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery). Do seu legado fazem parte o Palacete de Trevões (futuro Museu da Memória de Matosinhos), a construção do Bairro dos Pescadores e a calçada no adro da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos. Faleceu em Matosinhos, no ano de 1942.
Estas e outras histórias ilustraram o segundo dia do Congresso Internacional do Senhor de Matosinhos. O evento prossegue amanhã, com o seguinte programa:
9h30 | Visita guiada ao Museu da Misericórdia do Bom Jesus de Matosinhos.
10h30 - 12h30 | 2.ª Sessão de trabalhos
PORTUGAL E BRASIL - A DEVOÇÃO AO SENHOR DE MATOSINHOS
“O barroco bracarense e sua influência em Minas Gerais”, por Eduardo Pires de Oliveira (Instituto de História de Arte/Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa).
“As relações de Matosinhos com Minas Gerais e a “exportação” da devoção”, por Isabel Lago (Historiadora. Investigadora local. Autora do livro “Rota de Fé”).
“O Museu de Congonhas em tempos de mudança na economia, no turismo e na cultura local”, por Sérgio Rodrigo Reis (Diretor do Museu de Congonhas - Brasil).
15h00 - 17h00 | 3.ª Sessão de trabalhos
AS IMAGENS DE NICODEMOS
“O Senhor de Matosinhos e as imagens de Nicodemos”, por Joel Cleto (Historiador e Arqueólogo).
“O Encontro e a Rede dos santuários do Bom Jesus de Matozinhos em Minas Gerais”, por Ana Alcântara (Secretária Executiva da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, Brasil).
“Advocaciones del Cristo de Burgos en el Reino del Perú y en las principales ciudades de América Hispana: entre el documento y la leyenda”, por Ricardo Estabridis (Universidade Nacional Maior de São Marcos de Lima, Peru).
17h30 | CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO
A IMPORTÂNCIA DAS DEVOÇÕES NAS RELAÇÕES CULTURAIS LUSO-BRASILEIRAS
Ângelo Oswaldo (antigo Ministro Interino da Cultura do Brasil, ex Presidente do Instituto Brasileiro de Museus e ex Secretário de Cultura de Minas Gerais, Brasil).
Moderação: José Carlos Vasconcelos (Jornalista e Diretor do Jornal de Letras).
APRESENTAÇÃO DAS CONCLUSÕES
Fernando Rocha, Vereador da Cultura da C. M. Matosinhos
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