
Autarcas da Galiza e do Norte de Portugal defendem que a crise deve ser uma oportunidade para a Euro-região
Na Conferência de Presidentes do Eixo Atlântico, realizada hoje em Pontevedra, e que contou com a participação do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Fernando Rocha, foi unânime a reivindicação do papel determinante que as cidades e os municípios desempenharam durante a pandemia, cobrindo com os seus próprios recursos os défices de outras administrações desde os aspetos sanitários e sociais de maior urgência incluindo os educativos, até aos aspetos culturais e de motivação da população para resistir ao confinamento.
Precisamente porque são os municípios os que melhor conhecem as necessidades dos seus cidadãos, reivindicaram um papel protagonista no processo de reconstrução para garantir que o referido processo contemple e apoie as necessidades dos habitantes das cidades da Euro-região.
Ao longo de quase quatro horas os presidentes das principais cidades da Euro-região que fazem parte do Eixo Atlântico, entidade convocante da conferência, debateram com um conjunto de especialistas de alto nível as linhas maestras que devem definir o caminho da reconstrução. A Câmara Municipal de Matosinhos esteve representada pelo Vice-Presidente, Fernando Rocha.
Os responsáveis políticos reivindicaram a situação dos territórios de baixa densidade, que são sempre os mais desprotegidos, não da pandemia, mas dos apoios para superar os seus efeitos. Uma postura defendida pelos Presidente das Câmaras da Galiza e de Portugal, que revelou situações ignoradas como as que está a viver o setor agroalimentar, muito ligado à gastronomia e ao turismo, dado que muitas das grandes superfícies vendem produtos de outras regiões. Esta posição é também partilhada pelos seus homólogos portugueses do interior.
Por isso, uma das reivindicações unânimes foi o apoio aos setores produtivos do território tanto às pequenas e médias empresas como aos independentes.
Outro elemento central do debate foi a necessidade de desenvolver a sustentabilidade do território, não só pelo seu caráter económico e de qualidade de vida, mas, como se viu durante esta pandemia, pelo seu forte componente sanitário, assim como a necessidade de incentivar os ciclos curtos, tanto produtivos como de consumo, que redundam no comércio de proximidade e que valorizem o consumo de produtos tradicionais. A diminuição da poluição que se produziu durante o confinamento foi um efeito muito positivo de prevenção da saúde, especialmente para doenças respiratórias.
Contudo, o debate centrou-se especialmente nos aspetos económicos destinados a dinamizar a economia e recuperação do emprego no menor tempo possível. Assim Joaquim Oliveira, diretor adjunto do Centro de Empreendimento das Regiões e Cidades da OCDE destacou a digitalização como uma necessidade e uma grande oportunidade para todos, que no caso das empresas se converte numa questão de sobrevivência.
Vários dos participantes refletiram o caráter pioneiro desta conferência na Europa e expressaram seus parabéns pelo fato incomum de que em uma reunião de autarcas todos defenderam o coletivo e nenhum levantou questões individuais ou locais.
