O papel das autarquias esteve em destaque numa conferência no Instituto Politécnico do Porto que juntou os representantes dos municípios da Frente Atlântica.
Um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas, registando-se, nos últimos anos, um aumento do número de casos em virtude do agravamento das situações socioeconómicas. 16,5% dos casos diagnosticados devem-se a ansiedade, seguindo-se as perturbações depressivas. Apenas 1,7% recebe tratamento. 65% das pessoas que sofrem de doenças mentais não têm qualquer tipo de acompanhamento psiquiátrico.
Para assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental, a Rede de Apoio à Reabilitação Psicossocial para Pessoas do Doença Mental da Área Metropolitana do Porto (RARP-AMP) convidou os representantes dos municípios que integram a Frente Atlântica para participar na conferência “Pensar a reabilitação e a Inclusão da Pessoa com Doença Mental na Área Metropolitana do Porto. O papel das autarquias”. O objetivo foi refletir acerca das necessidades de reabilitação e inclusão social da pessoa com doença mental na região e encontrar estratégias de organização e desenvolvimento das respostas de apoio social e de reabilitação existentes.
A conferência realizou-se esta manhã na Porto Design Factory, do Instituto Politécnico do Porto (IPP) e contou com a participação de Guilherme Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, de Manuel Pizarro, Vereador da Câmara Municipal do Porto, e de Manuel Monteiro, Vereador da Câmara Municipal de Vila Nova Gaia, numa conversa conduzida por António Marques, Vice-presidente do IPP e membro da Comissão de Coordenação da RARP-AMP.
Todos os oradores mostraram-se disponíveis para integrar a problemática da saúde mental na “Carta para a Saúde” que a Frente Atlântica pretende implementar no seu território.
Em Matosinhos, o trabalho na área da saúde mental começou há já vários anos. Aliás, desde 2011 que a Câmara de Matosinhos tem vindo a desenvolver um conjunto de ações para combater o estigma e a apoiar as instituições do concelho que trabalham com pessoas com doença mental.
No que respeita ao apoio às instituições, a Associação de Familiares Utentes e Amigos do Hospital Magalhães Lemos (AFUA) é a única associação do concelho que trabalha com pessoas com doença mental. Esta integra a rede social e inscreve as suas ações no plano de desenvolvimento social. A autarquia apoia as suas ações através da cedência de espaço municipais onde é dinamizado o fórum sócio ocupacional, com 33 utentes, e cedeu dois apartamentos para as Unidades de Vida Protegida com capacidade para 10 utentes.
O apoio mais recente, no valor de 36 mil euros, foi para a realização de obras com vista a melhorar as condições para o desenvolvimento das atividades com os utentes.
Relativamente ao combate ao estigma, em 2011, a autarquia assinalou o Dia Mundial da Saúde Mental com um programa de comemorações que se desenvolveu ao longo de quatro dias. Uma conferência e diversos workshops orientados para a população em geral e alguns mais específicos para os profissionais das instituições que atuam a nível concelhio, foram algumas das atividades realizadas.
Pretende-se, no futuro, avançar para uma feira dedicada a esta temática de forma a proporcionar à população experiências vivências que permitam a colocação no lugar do outro. As pessoas poderão, desta forma compreender melhor a saúde mental e combater o estigma que lhe está associado.
Ainda no âmbito da saúde mental, a autarquia disponibiliza um gabinete de apoio ao funcionário, através do qual poderá solicitar consultas de psicologia. Este é um gabinete que atua de uma forma multidisciplinar pela articulação que estabelece com os restantes serviços.
Já este ano foi estabelecido um protocolo com a EUTIMIA- Aliança Europeia contra a Depressão em Portugal, com o objetivo de implementar o projeto “WhySchool”, que pretende aumentar a literacia em saúde mental nas escolas através da capacitação dos professores e outros agentes educativos, contribuindo para a implementação precoce de estratégias de prevenção e promoção da saúde mental, e para a referenciação para os serviços de saúde.
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