A Ordem dos Arquitectos e a Associação Casa da Arquitectura assinaram, na Casa de Chá da Boa Nova, um protocolo de colaboração, ao abrigo do qual as duas entidades se comprometem a juntar esforços com vista à criação de um museu de arquitectura de âmbito nacional.
O presidente da Ordem dos Arquitectos, arquitecto João Santa-Rita, recordou que “Portugal é um dos países da Europa que ainda não tem um Museu Nacional da Arquitectura”.
Para o diretor executivo da Casa da Arquitectura, arquitecto Nuno Sampaio, “a arquitectura merece hoje esta atenção por parte da sociedade”, justificando, desta forma, um maior envolvimento por parte do Estado português.
O presidente da Câmara Municipal e presidente da Casa da Arquitectura, Dr. Guilherme Pinto, considerou Matosinhos “o local de celebração da arquitectura”, pois “a arquitectura faz parte da nossa identidade”. “Temos oito obras do maior arquitecto português”, salientou.
O protocolo, com a duração de três anos e renovável por iguais períodos, prevê ainda a constituição de uma coleção permanente de trabalhos de arquitectos portugueses e estrangeiros, a promoção de eventos culturais, formações, atividades de investigação e pesquisa, conferências, debates, exposições, visitas, e o intercâmbio e utilização de equipamentos que visem o apoio às atividades de ambas as instituições.
Presentes na assinatura do protocolo estiveram ainda o Vice-presidente da Autarquia, Dr. Eduardo Pinheiro, e o Vereador da Cultura, Fernando Rocha.
Real Vinícola
Depois da Casa de Chá da Boa Nova, seguiu-se uma visita às futuras instalações da Casa da Arquitectura na antiga fábrica da Real Vinícola.
Edificado entre 1897 e 1901 pela sociedade Meneres & Cª, o edifício da Real Companhia Vinícola é um grande complexo industrial, tendo sido o primeiro edifício desta tipologia a ser construído na zona então designada Areal do Prado. A sociedade proprietária do imóvel faliu no ano de 1930, levando ao encerramento da Real Vinícola e à progressiva degradação do antigo complexo industrial.
A Câmara Municipal de Matosinhos adquiriu o imóvel, tendo este sido considerado de Valor Cultural e Patrimonial no Plano de Urbanização de Matosinhos Sul da autoria do Arquitecto Álvaro Siza Vieira, vindo a ser classificado no âmbito deste plano como Edificação a Salvaguardar.
O projeto, da autoria do arquitecto Guilherme Vaz, prevê a reabilitação e dinamização deste antigo complexo industrial, propondo para o efeito a realização de um programa de natureza cultural onde se insere a Casa da Arquitectura e a sede da Orquestra de Jazz de Matosinhos e também, de espaços a concessionar que irão dar retorno ao investimento e torna-lo economicamente sustentável.
O projeto da futura Casa da Arquitectura compreende uma grande área de reserva com espaços para depósito, coleções e arquivo, e também, ateliê de restauro e limpeza, ateliê de maquetes, espaços de trabalho, entre outras valências. Está também prevista uma Biblioteca que permite a consulta e investigação de documentos e uma área expositiva de 800m2 que contém um espaço de conferências.
O valor da obra e do terreno ronda os oito milhões de euros. O prazo de execução é de 18 meses.
Exposição
Na sede da Casa da Arquitectura foi inaugurada a exposição “12 Serigrafias de Arquitectos” comissariada pelo arquitecto Manuel Graça Dias.
Esta exposição resulta de uma iniciativa da Ordem dos Arquitectos e do Centro Português de Serigrafia e conta com a parceria da Casa da Arquitectura.
Álvaro Siza Vieira, Alexandre Alves Costa, Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça, Manuel Graça Dias, Luísa Penha, Fátima Fernandes, Egas José Vieira,
Pedro Ravara, Alexandra Margaça, Pedro Bandeira, Pedro Machado são os arquitectos em destaque.
Prémio Távora
As comemorações do Dia Mundial da Arquitectura culminaram à noite com uma conferência da arquitecta Susana Ventura, vencedora da nona edição do Prémio Fernando Távora, organizado pela Ordem dos Arquitectos Seção Regional do Norte em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos e a Casa da Arquitectura.
No Salão Nobre dos Paços do Concelho, a arquitecta Susana Ventura apresentou a conferência "Intimidade, Silêncio, Contemplação", sobre a viagem realizada no âmbito do Prémio Távora a países como o Japão (Tóquio ‹ Kamakura ‹ Karuizawa ‹ Kawaguchi ‹ Tokamachi ‹ Aichi), Noruega (Vardo), Finlândia (Helsínquia), Suécia (Estocolmo, Malmö), República Checa (Praga), Áustria (Viena) e Suíça (Kreuzberg, Montreux).
