A Companhia Teatro de Almada apresentou dia 19 de Outubro a peça “Comédia Mosqueta”, de Angelo Beolco, no Cine-teatro Constantino Nery.
Com encenação de Mário Barradas, a peça contou no elenco com os actores Ivo Alexandre, José Martins, Paulo Matos e Teresa Gafeira.
A “Comédia Mosqueta” é uma das obras teatrais mais representativas e conhecidas do dramaturgo italiano do século XVI Angelo Beolco. Criada em 1972, pela companhia independente Os Bonecreiros, esta obra tornou-se um dos momentos teatrais de relevo na história do teatro português da segunda metade do século passado.
Essa criação, assinada por Mário Barradas e interpretada por Fernanda Alves, José Gomes, Vicente Galfo, Mário Jacques e Maria Emília Correia, passou a constituir o paradigma de um trabalho teatral que então, ainda nas difíceis condições de ditadura, procurava os públicos populares.
Mário Barradas, que encenou esse primeiro contacto de Angelo Beolco, dito Ruzante (Pádua, 1496- 1542), com o público português, regressa agora à “Comédia Mosqueta”. Actor e encenador, Mário Barradas é um nome de referência do teatro português da segunda metade do século XX: foi director artístico de Os Bonecreiros, fundador em 1975 do então Centro Cultural de Évora, director durante alguns anos da Escola Superior de Teatro de Lisboa, e co-fundador do Teatro da Malaposta.
Angelo Beolco foi um actor e dramaturgo italiano. Estudante de Medicina, a obra literária de Ruzante (o pseudónimo que vai buscar ao nome de uma personagem que se repete em várias das suas comédias, e que o próprio interpretava) abarca a poesia e o teatro. Ruzante é considerado um inovador do teatro italiano, tendo-se servido da sua experiência de actor e director. Estudioso incansável, nunca deixou de polemizar com alguns dos mais ilustres seus contemporâneos, particularmente com Bembo, amplamente troçado em Betia. Dario Fo, no discurso que proferiu aquando da atribuição do Prémio Nobel da Literatura, referiu-se a Ruzante como «o maior dramaturgo do Renascimento europeu, antes do aparecimento de Shakespeare».