“Auto dos Físicos”, na sexta-feira, dia 8 de Maio às 15 horas e 21h30.
Chama-se “Auto dos Físicos” e o subtítulo diz (quase) tudo: a verrinosa peça de Gil Vicente que no dia 8 se apresentará em sessão dupla, no Cine-Teatro Constantino Nery, trata concretamente de uns graciosos amores de um padre a braços com a tortura de uma paixão não correspondida.
Censurada pela inquisição no final do século XVI, a peça “Auto dos Físicos – Na Qual se Tratam Huns Graciosos Amores de Hum Clérigo” foi escrita e representada pela primeira vez entre 1512 e 1524, retratando de modo caricatural quatro médicos (físicos) da época, que podiam ser facilmente reconhecidos pelo público, mas também o próprio funcionamento da corte, da igreja e da sociedade portuguesa de então. Pelo tom chocarreiro e pelo burlesco que o caracterizam, acredita-se, aliás, que o “Auto dos Físicos” terá sido representado inicialmente em época de Carnaval, beneficiando da maior permissividade da quadra.
O hilariante enredo resume-se em poucas palavras: um padre padece de um amor não correspondido e quatro médicos (os “físicos”) visitam-no à vez, sugerindo estapafúrdios remédios. Brásia Dias, a parente que primeiro o tenta ajudar, um moço transformado em (fraco) alcoviteiro e um padre confessor que compreende “bem demais” o sofrimento do seu colega completam o leque de personagens desta divertida farsa, rematada por uma “ensalada” vicentina, com referências e citações de outras peças do autor e a elementos do cancioneiro tradicional.
A peça, uma coprodução do grupo A Escola da Noite e da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, conta com a encenação de António Augusto Barros.