João Vaz deu concerto na Igreja do Bom Jesus de Matosinhos
A Igreja do Bom Jesus de Matosinhos foi palco para mais um concerto integrado na temporada de Música Clássica em Matosinhos 2017, acolhendo no dia 20 de maio, pelas 21h30, no âmbito do Ciclo de Instrumento Solo, o concerto de Órgão de João Vaz.
Ao longo dos séculos, Portugal foi recebendo influências culturais de diferentes pontos da Europa. O órgão atualmente existente na igreja do Bom Jesus de Matosinhos é um exemplo da presença de influências germânicas no nosso país. Construído em 1685 por Michael Hensberg, apresenta uma morfologia típica dos instrumentos norte-europeus da época. Outras influências – nomeadamente a italiana – fizeram-se sentir em Portugal ao longo dos séculos XVIII e XIX e tiveram impacto nos órgãos então existentes. Tal como muitos outros, este instrumento sofreu alterações que visaram adaptá-lo ao gosto musical vigente. Com o restauro efetuado em 1992, que visou em grande parte recuperar caraterísticas da construção original, o órgão readquiriu a sua personalidade germânica, mantendo, todavia, traços de séculos de permanência em solo luso.
O programa do concerto de sábado passado centrou-se na produção organística em Portugal e na Alemanha entre o século XVI e XVIII. Compositores alemães e portugueses (ou presentes em Portugal) foram apresentados lado a lado, cronologicamente. O ouvinte pôde assim apreciar as diferenças (e semelhanças) entre as realidades musicais nos espaços germânico e lusitano, ao longo de mais de duzentos anos.
No concerto foram tocadas: Leonhard Kleber (Ca.1495-1556) Finale in re seu preambalon; António Carreira (c.1530-c.1594), Canção, Fantasia em Lá-Ré; Pedro de Araújo (= c.1662), Consonâncias de 1º tom; Fr. Domingos de S. José (séc. XVII), Obra de 5º tom; Friedrich Wilhelm Zachow (1663-1712), Prelúdio e fuga em Sol maior, Prelúdio de coral “Christ lag in Todesbanden”, Prelúdio de coral “Vater unser im Himmelreich”; Anónimo (Itália, Séc. XVII), Aria con variationi, (Ms. 964, Arquivo Distrital de Braga); Dieterich Buxtehude (1637-1707), Prelúdio de coral “Jesus Christus, unser Heiland”, BuxWV 198; Carlos Seixas (1704-1742), Sonata em dó menor, [Moderato in tempo di siciliano], Minuet, Sonata para órgão em lá menor; Georg Böhm (1661-1733), Partita “Jesu du bist allzu schöne”, Prelúdio, fuga e postlúdio em sol menor.
Sobre João Vaz é possível dizer:
Natural de Lisboa, João Vaz é diplomado em Órgão pela Escola Superior de Música de Lisboa, sob a orientação de Antoine Sibertin-Blanc, e pelo Conservatório Superior de Música de Aragão, em Saragoça, onde estudou com José Luis González Uriol, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. É também doutorado em Música e Musicologia pela Universidade de Évora, tendo defendido a tese A obra para órgão de Fr. José Marques e Silva (1782-1837) e o fim da tradição organística em Portugal no Antigo Regime, sob a orientação de Rui Vieira Nery. Tem mantido uma intensa atividade a nível internacional, quer como concertista, quer como docente em cursos de aperfeiçoamento organístico, ou membro de júri de concursos de interpretação. Efetuou mais de uma dezena de gravações discográficas a solo, salientando-se as efetuadas em órgãos históricos portugueses. Como executante e musicólogo tem dado especial atenção à música sacra portuguesa, fundando em 2006 o grupo Capella Patriarchal, que dirige. O seu trabalho de edição musical, objeto de publicação em Portugal e em Espanha, abrange obras conservadas em diversas bibliotecas e arquivos nacionais. Leciona atualmente Órgão na Escola Superior de Música de Lisboa, tendo também exercido funções docentes no Instituto Gregoriano de Lisboa, Universidade de Évora e Universidade Católica Portuguesa (Escola das Artes). Fundador do Festival Internacional de Órgão de Lisboa em 1998, é atualmente diretor artístico do Festival de Órgão da Madeira e das séries de concertos que se realizam nos seis órgãos da Basílica do Palácio Nacional de Mafra (de cujo restauro foi consultor permanente) e no órgão histórico da Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa (instrumento cuja titularidade assumiu em 1997).
Próximos concertos:
4 de junho, Quarteto de Cordas de Matosinhos, 17h00, no âmbito do Serralves em Festa;
9 de junho, Quarteto Cordas de Matosinhos e António Saiote (clarinete), 21h30, no Palacete Visconde Trevões, em Matosinhos.
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