O empreendedorismo como forma de sair da crise em destaque na conferência que reuniu o Dr. Guilherme Pinto, o Dr. César Rocha Alves e o Eng. António Varela.
“Matosinhos. Porta de Oportunidades. Gonçalves Zarco. A aventura começa” foi o mote para a primeira conversa do Ciclo “Do Bojador à Boa Esperança”.
Os novos empreendedores do século XXI são os navegadores do século XVI. Matosinhos, outrora porto de abrigo de navegadores como João Gonçalves Zarco, foi, ao longo dos anos, um importante centro urbano empresarial e industrial.
Hoje em dia, abraça novos projetos nas áreas da inovação, indústrias criativas e design. A partir deste conceito, o Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos abriu a sessão, dia 22 de maio, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, destacando a necessidade de uma reflexão sobre as oportunidades de trabalho nas atuais circunstâncias.
“O mundo mudou. A nossa postura tem que ser mais competitiva. Temos que otimizar as nossas competências, apostar na qualificação dos nossos recursos humanos, adiantou o Dr. Guilherme Pinto, na presença do Vereador do pelouro da Juventude, Fernando Rocha.
Explicando a fórmula que serviu de estratégia para Matosinhos- “M2C Mar + Movimento + Cultura”, o autarca referiu a importância do aproveitamento“ de todas as oportunidades que o mar nos dá em termos de negócios”. As plataformas logísticas de Leixões, o Terminal de Cruzeiros, o Centro de Ciências e Tecnologias do Mar da Universidade do Porto, a pesca, a restauração, a orla costeira, são alguns exemplos.
O movimento criado em torno do Porto de Leixões, do Aeroporto do Porto e da Petrogal, os investimentos nos equipamentos sociais, os investimentos privados como o Centro de Investigação da Indústria Automóvel, a Porto Business School, a ampliação da UNICER e da Ramirez, foram igualmente abordados, assim como a aposta na cultura e no turismo.
“Matosinhos quer ajudar a Área Metropolitana do Porto a sair da crise. A crise é, sobretudo de confiança. Temos que ter confiança nas nossas capacidades. Não há outra solução”, disse o Dr. Guilherme Pinto.
“Norte Centro de Negócios vs. Lisboa Centro de Decisão” foi o tema abordado pelo Professor Doutor J. César Rocha Alves. Depois dos anos 90, os centros decisores das grandes multinacionais passaram a concentrar-se apenas em Lisboa. Todavia, a tendência atual é a deslocalização para Espanha, adotando uma perspetiva ibérica. “O resto é Bruxelas que decide”, acrescentou.
A propósito dos programas de incentivos e financiamentos para jovens, César Alves esclareceu que “há dinheiro, mas não aparecem projetos”. “Os incentivos colidem com uma aversão ao risco, mas eu acho que os jovens estão a mudar esta mentalidade. Com a quebra de consumo no mercado interno, é preciso pensar na internacionalização. Os jovens devem refletir sobre o que sabem fazer e o que podem fazer. O importante são as ideias novas”, concluiu.
A publicidade nas caixas multibanco, a distribuição de conteúdos em redes móveis ou o crowdfunding são exemplos de ideias que se tornaram projetos de sucesso e que partiram do Eng. António Varela, outro orador convidado.
“Antes de se pensar em criar uma empresa, devemos perguntar à comunidade, através da internet, se isto faz sentido. O know-how também vale dinheiro. O know-how é que é o capital de credibilidade”, explicou.
A nível de financiamento de novos projetos, António Varela lamenta que o grande problema em Portugal não é o dinheiro, mas sim “a falta de metodologia”. “Antes de se lançar uma empresa, lança-se um projeto. O capital de risco serve para empresas consolidadas. Não é para start ups. Para isso existem os projetos”, afirmou.
A próxima conversa do Ciclo “Do Bojador à Boa Esperança” está já agendada para o próximo dia 29 de maio, pelas 18h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em torno do tema “América do Norte. A bordo com Fernão de Magalhães”, e terá como convidados João Pinto Machado, João Regufe, Joaquim Vieira, Paulo Nogueira.
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