Cerca de 30 convidados, entre políticos, jornalistas, músicos, cineastas e coreógrafos, refletiram sobre os novos mundos que a literatura contemporânea abre nesta “era do vazio”.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates abriu, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a 8ª edição do LEV, numa conferência que incidiu sobre as viagens e os vários tipos de liberdade.
Nos últimos dois dias, a Biblioteca Municipal Florbela Espanca recebeu nomes como José Rentes de Carvalho, Laborinho Lúcio, Mafalda Veiga, Miguel Araújo Jorge, Francisco José Viegas, Pilar del Rio, António Pedro Vasconcelos, Carlos Daniel, Ana Sousa Dias, Luís Miguel Rocha, Rui Lopes Graça e Nuno Camarneiro, entre cerca de 30 oradores, distribuídos por oito mesas centradas nos mapas do corpo, do quotidiano, da identidade, das ideias, da literatura, da história, da linguagem e da viagem.
Destaque ontem para a sessão dedicada ao tema “O Mapa da Linguagem”, moderada pela jornalista Maria João Costa, protagonizada por Laborinho Lúcio.
Mestre em Ciências Jurídico-Civilísticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e magistrado de carreira, é Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça. De janeiro de 1990 a abril de 1996 exerceu, sucessivamente, as funções de secretário de Estado da Administração Judiciária, ministro da Justiça e deputado à Assembleia da República. Entre março de 2003 e março de 2006, ocupou o cargo de Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores. Exerce atualmente as funções de Presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho. Estreou-se na ficção em abril com O Chamador (Quetzal Editores).
A propósito da relação entre questões como a instrução, o discurso do poder e os desafios que hoje se apresentam a quem reflete sobre a linguagem, o antigo ministro da Justiça Laborinho Lúcio considerou que estamos perante “um tempo em que somos cada vez mais interpelados a agir sem pensar, o que significa que outros pensarão para que nós possamos agir nos termos em que estamos a agir”.
Para o juiz conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça, esta situação remete para “um povo que também ele vai fazendo opções que o levam, por exemplo, a uma sociedade de hiperconsumo, a uma sociedade muito mais marcada pelo sensorial do que pelo racional e que a certa altura se põe a jeito para ser a própria protagonista de um pensamento único que, no limite, se volta contra ele próprio”.
Laborinho Lúcio alertou ainda o poder para a necessidade de “alguma autorreflexão no sentido de compreender que não lhe basta o discurso para dominar um povo carecido de informação”.
O antigo ministro definiu ainda Portugal através das palavras “amor” e “futuro”, salientando que a esperança no futuro do país não deve esmorecer: “Para mim, esta ideia de futuro deve ser construída numa ideia de amor, que do ponto de vista político significa inclusão universal e, portanto, solidariedade ativa e não solidariedade de diferenciação entre quem é superior e quem é inferior, mas solidariedade na procura da igualdade na diversidade”.
Destaque também, nesta edição do LEV, para a homenagem a José Rentes de Carvalho, para o lançamento do livro “A Janela de Saramago” e para as exposições “Lanzarote, a Janela de Saramago” e “Polaroides e Poemas, as Imagens das Palavras”.
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