Ao longo de três dias, Matosinhos recebeu milhares de visitantes que participaram na recriação histórica da Lenda de Carpo.
A zona envolvente ao Monumento do Senhor do Padrão recordou, de 29 a 31 de maio, um episódio que vem do tempo em que o território de Matosinhos ainda não era cristão.
Demonstrações de armas, malabarismo e encantadores de serpentes, duelo de gladiadores, venda de artesanato, dança, equitação artística, doçaria, licores e petiscos, acrobacias e tropelias, música e muita animação fizeram parte da programação da terceira edição da “Lenda de Cayo Carpo”, que chegou ontem, dia 31 de maio, ao fim.
Corria o ano de 44 d.C., um vasto areal no lugar de Bouças (designação, até ao início do século XX, do atual concelho de Matosinhos), conhecido como a Praia do Espinheiro, é o local escolhido pelo grande senhor romano e pagão da região, Cayo Carpo, para realizar as festas do seu casamento com a jovem Claudia Lobo.
Durante as festividades, o noivo desafia os restantes cavaleiros para uma corrida invulgar de cavalos: venceria quem conseguisse entrar mais longe mar adentro. Para surpresa de todos, o cavalo de Cayo Carpo avança, desenfreado, sobre as águas sem se afundar. Dirige-se para um barco, em pedra, que passa ao largo transportando o corpo de Santiago (de Compostela) da Palestina até à Galiza. Perante o milagre que presenciou, Cayo Carpo converte-te ao cristianismo. Engolidos pelas águas do mar, cavaleiro e cavalo reaparecem no areal completamente cobertos de vieiras, convertidas, a partir daí, num dos símbolos de Santiago.
Os pontos altos do dia de ontem ocorreram, a partir das 18h00, com o cortejo da boda de Cayo Carpo e Cláudia Lobo, a cerimónia de noivado e a recriação da boda. Pelas 21h00, o anfiteatro instalado na praia do Titã acolheu mais um momento de recriação histórica da lenda, onde se incluíram o circo romano, jogos de gladiadores, lutas, teatro, dança, acrobacia, cetraria e equitação artística.
O encerramento do evento ficou marcado pelo espetáculo com fogo “O Culto dos Deuses”.
Depois da Lenda de Cayo Carpo, chegam a Leça da Palmeira, de 26 a 28 de junho, os Piratas, que desembarcam na zona envolvente ao Forte Nossa Senhora das Neves, recuando no tempo até meados do século XIV. Naus, galeões, patachos e caravelas, que asseguravam o comércio marítimo, resistem aos ataques de normandos, mouros, franceses, ingleses e holandeses. A coroa portuguesa contrata corsários para fazer face às pilhagens e assaltos das embarcações inimigas. Com este evento, a Câmara de Matosinhos pretende dar conhecer o seu património histórico e cultural.