
Em Setembro nasce em Matosinhos um festival de teatro que só fala em português
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A Primeira edição do “Cena Contemporânea de Matosinhos em Português” decorrerá de 18 a 30 de Setembro e inclui quase uma dezena de espetáculos teatrais, mas também debates, concertos e uma exposição que homenageia a encenadora e atriz Fernanda Lapa, cuja carreira começou há 50 anos.
De Fernando Pessoa a Chico Buarque, passando por Ondjaki ou por Shakespeare – eis, em resumo, o roteiro proposto para a primeira edição do festival de teatro “Cena Contemporânea de Matosinhos em Português”, que vai decorrer de 18 a 30 de Setembro por iniciativa da Câmara Municipal de Matosinhos.
Tal como o nome sugere, o “Cena Contemporânea de Matosinhos em Português” nasce com o intuito de destacar e promover o teatro e as artes performativas em língua portuguesa, nas suas vertentes mais diversas e vanguardistas, assumindo o idioma e os espaços da lusofonia como um motor de diálogo intercultural e de troca de experiências. Destinado a todos os públicos, a mostra assume também o propósito de promover a cidade de Matosinhos a nível nacional e internacional, integrando-se, este ano, no programa que assinalará o 500º aniversário do Foral do concelho.
Destaque natural, na programação desta primeira edição, para a homenagem à encenadora e atriz Fernanda Lapa, que cumpre 50 anos de carreira, mas também para a “Ode Marítima”, de Fernando Pessoa, na voz de João Grosso, para a peça “Um dia os réus serão vocês”, que tem por base o julgamento de Álvaro Cunhal durante a ditadura do Estado Novo, ou para o ensaio público da peça “Breviário Gota D’Água”, inspirada nas obras de Eurípedes, Oduvaldo Vianna Filho, Chico Buarque e Paulo Pontes, que o Cine-Teatro Constantino Nery vai estrear em Outubro.
Outro dos pontos altos da programação será o espetáculo de rua “Cidade Encantada”, um projeto que envolverá uma centena de participantes e ressuscitará algumas das lendas matosinhenses para comemorar os 500 anos do Foral do concelho.
Para além dos espetáculos de teatro, dança, música e vídeo, haverá ainda espaço para o cruzamento de disciplinas, encontros entres criadores, oficinas e debates sobre temas como as relações entre a arte e a educação, a cena contemporânea, as artes em geral e a sua relação com os públicos, as novas dramaturgias contemporâneas, a escrita de palco e as políticas de intercâmbio cultural entre os países da lusofonia.
Com direção artística de Luísa Pinto, também diretora do Cine-Teatro Constantino Nery, o “Cena Contemporânea de Matosinhos em Português” conta com dois espetáculos vindos do Brasil e com a participação do escritor angolano Ondjaki.
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(fotos: Karina Ades da peça Aldeotas, de Gero Camilo, destaque no festival Cena)
Diretora Artística do Festival: Luisa Pinto
Produção: Cine-Teatro Constantino Nery/Câmara Municipal de Matosinhos
Programa
18 de Setembro às 21h00 – Foyer Cine-Teatro Constantino Nery
A figura Homenageada da 1ª Edição do Cena Contemporânea de Matosinhos em Português – Festival de Teatro, é a encenadora e atriz Fernanda Lapa pelos 50 anos de carreira - Inauguração de exposição.
18 de Setembro às 22h00 – Sala Principal do Cine-Teatro Constantino Nery
"Aldeotas", de Gero Camilo - Brasil
A trajetória de Levi e Elias, dois amigos de infância, que se reencontram em fragmentos de memórias na pequena cidade de Coti das Fuças.
Por sua força poética e memorialista, “Aldeotas” é um texto teatral que arranca o leitor contemporâneo do espaço e do tempo hostis da modernidade, e o transporta à recordação daquelas experiências de vida mais sublimes que estão apenas adormecidas dentro de nós.
Direção CRISTIANE PAOLI QUITO
Elenco GERO CAMILO e VITOR MENDES
Preparação Corporal CRISTIANO KARNAS
Iluminação e Espaço Cênico MARISA BENTIVEGNA/KARINE SPURI
Produção Macaúba Produções Artísticas e Micuim Produções
Direção de Produção: Micuim Produções – Flávia Corrêa e Talita Vecchia
19 de Setembro às 19h00 – Café-Concerto
“Como eu Amo Tanto a Palavra” - Poesia por Aurora Gaia – Gaia, Portugal
19 de Setembro às 21h30 – Fachada do Cine-Teatro Constantino Nery
Inside Music Machine – Porto, Portugal
Quando presenciamos um instrumentista em ação não nos apercebemos de um conjunto de comportamentos físicos e motores inerentes a todo o processo da performance musical. Aliando a investigação científica e a tecnologia à performance musical, este espetáculo propõe uma experiência multimédia onde a atividade muscular e neuronal da violinista, registada através de uma máquina termográfica e do EEG (electroencefalógrafo), se constitui parte integrante do mesmo. Da música à imagem: dois universos que interagem através da junção da arte e da tecnologia, abarcando diferentes estilos musicais.
Ianina Khmelik – violino, voz
Hugo Novo – teclados, samplers, sequenciadores, voz Live Visuals
António Silva Ramos – Câmara termográfica e sensores acústicos
Horácio Tomé Marques – BCI (interface cérebro computador) e sensores acústicos
Produção garagem do barão, produção de projectos culturais unipessoal lda
20 de Setembro às 18h00 – Biblioteca Florbela Espanca
Palestra com o Escritor/Dramaturgo Ondjaki - Angola
20 de Setembro às 21h30 – Sala Principal
Caso Hamlet – Vila Real, Portugal
Esta criação surge das ganas dos criativos da Peripécia Teatro em abordar um clássico do Teatro Universal. Para não estar com meias-medidas, este coletivo decidiu atacar diretamente o, talvez, maior dramaturgo clássico: Shakespeare.
E para não continuar com meias tintas, ataca também o seu mais longo, enigmático e controverso texto: Hamlet.
Caso Hamlet, marca assim a estreia da Peripécia Teatro na abordagem de um texto clássico e procura transmitir, com humor, poesia e pujança cénica, um Hamlet essencial, apesar de desconstruído; misterioso, apesar de desmistificado. Em Caso Hamlet é explorada uma narrativa vigorosa que se agita entre o thriller policial e a tragédia. O espectador irá testemunhar a trama e os conflitos centrais da peça, através de uma linguagem onde se prezará a genuinidade e força criativa enredadas com os versos e a universalidade do Teatro de Shakespeare.
Criação, Dramaturgia e Interpretação:
Ángel Fragua, Noelia Domínguez e Sérgio Agostinho;
Cenografia e Design Gráfico: Zetavares;
Desenho de Luz: Paulo Neto;
Formação e Coreografia de Esgrima: Miguel Andrade Gomes;
Direção de Atores: Luis Blat;
Co-Criação, Dramaturgia e Direção: José Carlos Garcia;
21 de Setembro às 11h00 – Café-Concerto
Teatro Para Bebés – Porto, Portugal
CRIAÇÃO ARTÍSTICA TEATRO A QUATRO
PRODUÇÃO HYMNUS PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
TEATRO PARA BEBÉS é um tipo de espetáculo adequado à faixa etária dos 0 aos 4 anos de idade, baseado em três princípios:
a) proximidade
b) interatividade
c) estímulos sensoriais
Com a proximidade entre os artistas e o público promove-se o contacto direto. Por isso, os pais e os "pequenotes" estão sentados no próprio palco, e não numa normal plateia. Com este encurtamento da distância entre público e artistas, fica facilitada a interatividade entre todos os participantes, outro dos princípios deste conceito. Todas as estórias e encenação têm a preocupação de envolver as crianças, através de estímulos de carácter sensorial, para que estas usufruam de uma experiência diferente, que apela não só aos sentidos da visão e audição, mas também aos do tato, havendo também estímulo à fala.
TEATRO PARA BEBÉS é, não só um ato de entretenimento, mas também um motivo de desenvolvimento motor e psicossocial para os mais pequenos.
21 de Setembro às 21h30 – Sala Principal
"Conta-me Histórias" com Sérgio Godinho – Paredes, Portugal
Sérgio Godinho é o convidado especial de uma conversa-concerto na qual o músico, de forma intimista, comenta pormenores menos conhecidos da sua prestigiada carreira a par da interpretação, em formato acústico, de alguns dos seus maiores êxitos musicais. No Conta-me Histórias a conversa vagueia entre músicas, memórias e momentos num ambiente descontraído e carregado de apontamentos de humor.
22 de Setembro às 21h30 – Sala Principal
Ode Marítima, de Fernando Pessoa, por João Grosso – Lisboa, Portugal
23 de Setembro às 18h00 – Rua
"Deus Lhe Dê em Dobro" - Brasil
Vivemos uma Crise financeira no mundo, esta crise poderia ser vista como oportunidade, mas, aí está a questão: conseguiremos ver uma saída? Parece que somos todos cegos, mudos e surdos. Cegos - porque não queremos ver. Mudos - porque não queremos falar. Surdos - ainda que haja alguém que grite, não se ouve. Na verdade, Deus Lhe Dê Em Dobro, (um ditado popular brasileiro) mostra que somos cegos para ver os fatos e sem braços para fazer algo e, pior ainda: com poucas ideias para diminuir as diferenças entre pobres (ociosos) e os ricos
(gulosos).
Adaptação do Texto: Creuza F Borges, em colaboração com o elenco.
Encenação: Creuza F Borges
Elenco: Beth Rizzo e Leticia Bortoletto
Produção: Grupo Dragao7
23 de Setembro às 20h00 –Restaurante Valentim
Jantar/Debate "À Mesa com a Cena Lusófona" – Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Galiza, Moçambique
Debate sobre Politicas de Intercambio Cultural no Universo Lusófono.
Interprete Musical de compositores Lusófonos – Rui David
24 de Setembro às 21h30 – Sala Principal
Los Negros e Os Deuses do Norte – Torres Vedras, Portugal
CONCERTO PERFORMATIVO COM ENCENAÇÃO DE JOÃO GARCIA MIGUEL
PERFORMANCE E MÚSICA ORIGINAL DE SA RIBEIRO, GIL DIONÍSIO E LULA’S
LOS NEGROS E OS DEUSES DO NORTE, um concerto performativo que celebra o negro, o minúsculo, a mulher, a morte através da poesia, da verdade e do belo. Uma co-criação entre três performers/músicos e um encenador num espetáculo a solo que emerge das trevas e do caos. Aqui, Uns e Outros criam experiências sonoras musicais e performativas, para vozes e corpos anónimos que desejam inscrever a sua força no futuro rompendo o nevoeiro das suas almas.
ENCENAÇÃO: João Garcia Miguel
TEXTOS: João Garcia Miguel e Sara Ribeiro
PERFORMANCE E MÚSICA ORIGINAL: Sara Ribeiro, Lula's e Gil Dionísio
FIGURINOS: Miguel Moreira
VÍDEO E FOTOG FIA: Miguel Lopes
APOIO À D MATURGIA: Marta Lança
Uma produção Companhia João Garcia Miguel
26 de Setembro às 21h30 – Sala Principal
Um dia os réus serão vocês: O julgamento de Álvaro Cunhal – Almada, Portugal
Companhia Teatro de Almada
Dramaturgia de Rodrigo Francisco, segundo uma ideia original de Joaquim Benite
Com Luís Vicente no papel de Álvaro Cunhal
Estreado na Sala Principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) a 25 de Abril de 2013, por ocasião do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal (1913 – 2005), Um dia os réus serão vocês: o julgamento de Álvaro Cunhal é uma criação da CTA, com dramaturgia de Rodrigo Francisco, segundo uma ideia original de Joaquim Benite e com Luís Vicente como Álvaro Cunhal. O espetáculo baseia-se na defesa que o líder comunista apresentou para si próprio no tribunal que o julgou entre 2 e 9 de Maio de 1950 (uma contundente acusação à ditadura fascista), e cuja atualidade não pode deixar – desgraçadamente – de assombrar-nos. Depois da sua estreia no TMJB, onde esteve em cena durante quatro dias, esgotando completamente a lotação da sala, o espetáculo iniciou uma digressão nacional que conta já com mais de 5.000 espectadores. Justa homenagem a um dos mais destacados combatentes contra a ditadura salazarista, líder político e figura histórica do PCP – e a todos os que sofreram e morreram sob o jugo fascista –, o espetáculo tem viajado por todo o País, de Norte a Sul, de Portimão a Braga, preparando uma carreira internacional em 2014. Um tributo às mulheres e aos homens que dedicaram as suas vidas à defesa da Liberdade, para que fiquem preservados na nossa memória. E na dos que vierem depois de nós.
Intérpretes Luís Vicente, João Farraia, Joaquim do Carmo, Manuel Mendonça e Leonor
Robert Cenário, Luz e vídeo Guilherme Frazão som Miguel Laureano
Figurinos Paulo Mendes
Direção musical Inês Igrejas
Construção das máscaras Raquel Diniz
Caracterização Sano de Perpessac
Animação vídeo Rui Dionísio
Direção de Produção Carlos Galvão
Direção de montagem Guilherme Frazão
Direção de cena João Farraia
Mestre aderecista Paulo Horta
Montagem António Antunes, João Martins e Paulo Horta
27 de Setembro às 17h00 – Biblioteca Florbela Espanca
Pedro Eiras, Jorge Marmelo e Carlos Tê na Escrita de Palco - Portugal
Debate – Novas Dramaturgias.
27 de Setembro às 21h30 – Café-Concerto
O meu país é o que o mar não quer – Coimbra, Portugal
Este projeto é uma performance autobiográfica que parte da minha estadia em Londres em 2013 enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e que cartografa e documenta os meus encontros quotidianos com emigrantes Portugueses durante esse período. Partindo do meu relato pessoal e dos testemunhos recolhidos, através de entrevistas, cartas e vídeos, conto as narrativas das pessoas que conheci e que tiveram de sair do nosso País devido às medidas de austeridade da TROIKA e do Governo Português, e outros que deixaram o País por vontade própria, mas que agora não podem regressar.
É a minha estória, a história de uma geração dividida entre partir e ficar.
CONCEPÇÃO, DRAMATURGIA E INTERPRETAÇÃO: Ricardo Correia
ESPAÇO CÉNICO : Filipa Malva
SOM: João Gaspar
DIRECÇÃO TÉCNICA e DESENHO DE LUZ: Jonathan de Azevedo
VÍDEO: Alexandre Mestre
CONSULTADORIA ARTÍSTICA: Jorge Louraço
RESPONSÁVEL DE PRODUÇÃO: Filipa Alves
PRODUÇÃO: Casa da Esquina inserida no apoio bianual da DGARTES/SEC 2013/2014
28 de Setembro às 15h00 – Biblioteca Florbela Espanca
Mostra de Vídeo - Conversa com Criadores – Universo Lusófono
29 de Setembro às 15h00 – Sala principal
Ensaio Aberto da peça “Breviário Gota D’Água” – Matosinhos, Portugal
Livremente inspirado nas obras de Eurípedes, Oduvaldo Vianna Filho, Chico Buarque e Paulo Pontes.
Roteiro e Adaptação: Héron Coelho
Tocado ao vivo.
"“Breviário Gota d’água” é uma adaptação de uma adaptação de Héron Coelho livremente inspirado nas obras de Eurípedes, Oduvaldo Vianna Filho, Chico Buarque e Paulo Pontes, que transpõe a tragédia de Eurípides, para um miserável conjunto habitacional carioca, retracta as dificuldades vividas dos moradores, que na verdade são o pano-de-fundo para o drama vivido por Joana e Jasão que, larga a mulher para se casar com Alma, filha do rico Creonte. Sem suportar o abandono, e para se vingar, Joana mata os dois filhos e suicida-se.
Agora, adaptada à realidade portuguesa, o lugar onde se desenvolve a trama é outro; esta versão substitui a Vila do meio-dia por um bairro degradado no Porto. O enquadramento é diferente; mas não deixa de explorar o mesmo tema; uma reflexão sobre aqueles que sofrem na carne as contradições e as injustiças de uma sociedade sorridente, mas implacável com os seus humilhados e ofendidos."
Ficha Artística:
Encenação, Cenografia e Figurinos: Luisa Pinto
Direção Musical e Tradução: Carlos Tê
Arranjos Musicais: Nicolas Tricot
Músicos: Nicolas Tricot e Rui David
Interpretação: Catarina Santos, Inês Mariana Moitas, Isabel Carvalho, Isabel Cruz, João Costa, João Melo, Paulo Calatré e Sofia Príncipe
Produção Cine-Teatro Constantino Nery/Câmara Municipal de Matosinhos
30 de Setembro 20h00 – Ruas de Matosinhos
Cidade encantada - 500 anos do Foral – Matosinhos, Portugal
“Cidade encantada“ é um Projeto/performativo com Direção de Luisa Pinto e dramaturgia de João Costa. Trata-se de uma criação coletiva pelos grupos de teatro amador do concelho de Matosinhos para comemorar os 500 anos do Foral. É uma viagem pelas ruas e lugares da cidade, num cruzamento entre as várias artes performativas, vivenciando atmosferas diversas em cada cena.
Nesta criação, além da leitura do Foral, o público acompanha o espetáculo em jeito de peregrinação encontrando pelo percurso várias instalações cénicas a partir de figuras e lendas que marcaram esta terra, como Antonio Nobre, Cayo Carpo, Florbela Espanca, Passos Manuel Guilhermina Suggia, Ló Ferreira entre outros.
Nesta performance com 100 participantes palavra de ordem é recriar, tirar os objetos do seu contexto inicial e habitá-los de uma forma diferente.
Produção Cine-Teatro Constantino Nery/Câmara Municipal de Matosinhos
