
Em pleno dia e feriado do Senhor de Matosinhos, o Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, inaugurou, pelas 15 horas, no Museu da Quinta de Santiago, uma cascata gigante, montada e doada por José António Moreira, que marcou também presença, para além do Vereador da Cultura, Fernando Rocha. Esta cascata não será, contudo, desmontada no final das festas da cidade. Pelo contrário, vai permanecer exposta num espaço daquele museu (a Casa do Bosque), podendo ser contemplada ao longo de todo o ano.
Nascido em 1922, José Moreira é o mais velho cascateiro de Leça, localidade em que está ainda muito arreigada a tradição da montagem de grandes cascatas “sanjoaninas”, embora nestes casos – e apesar deste santo estar sempre presente – se dever falar em “cascatas leceiras”, já que nelas dominam a representação de pormenores, monumentos, tradições e episódios históricos de Leça da Palmeira.
Estas cascatas, que se caracterizam pelas suas grandes dimensões, apresentam também, não raras vezes, engenhosos mecanismos que permitem algum dinamismo e animação aos bonecos nelas presentes. Bonecos que, em grande parte, são adquiridos na multissecular Feira da Louça de Matosinhos que se organiza igualmente por estes dias.
No caso da cascata de José Moreira, é possível contemplar bonecos com mais de meio século de existência (alguns já com cerca de um século).
As cascatas de José Moreira, que, há já muitas décadas, os interessados e curiosos de todas as idades se habituaram a visitar, entre o Senhor de Matosinhos e o S. Pedro, na garagem da sua casa na Rua Heróis de África, sempre se evidenciaram como das mais ricas e exuberantes, tendo obtido sucessivos prémios nos concursos realizados para premiar anualmente a melhor cascata.
Nos últimos anos, contudo, este cascateiro não estava a montar a sua tradicional cascata. Contudo, fruto de um desafio do Museu da Quinta de Santiago, José Moreira resolveu doar a sua cascata à Câmara Municipal e montá-la uma última vez. Desta feita, no entanto, após o período das festas, a cascata não será desmontada. Permanecerá exposta na Casa do Bosque, podendo ser contemplada ao longo de todo o ano.
A tradição das cascatas de Matosinhos e Leça da Palmeira tem vindo a ser acarinhada pela autarquia de Matosinhos que, entre outras iniciativas, promoveu há já alguns anos a edição de um livro da autoria de Hélder Pacheco que lhes foi dedicado: “Matosinhos. A Memória das Cascatas”. Nele o autor destacou também a figura de José António Moreira.
Recorde-se que a missão do Museu da Quinta de Santiago passa pela salvaguarda da memória histórica de Leça da Palmeira e de Matosinhos, com particular incidência para os últimos 150 anos. Durante este século e meio, Matosinhos terá sido, fruto da construção do porto de Leixões e do posterior desenvolvimento industrial (nomeadamente conserveiro), das localidades que registou das maiores transformações paisagísticas no nosso país. O museu regista essa memória, não só através da musealização de uma casa aristocrática dos finais do século XIX (quando Leça da Palmeira era das principais vilas de veraneio do Norte), mas também das telas de António Carneiro, Augusto Gomes e Agostinho Salgado, que captaram as posteriores transformações urbanas, sociais e paisagísticas.
A tradição das cascatas de Matosinhos e Leça da Palmeira tem vindo a ser acarinhada pela Autarquia de Matosinhos que, entre outras iniciativas, promoveu há já alguns anos a edição de um livro da autoria de Hélder Pacheco que lhes foi dedico: “Matosinhos. A Memória das Cascatas”. Nele o autor destacou também a figura de José António Moreira.
