“A Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, concelho de Matosinhos, foi a primeira peça do séc. XX a ser classificada como Monumento Nacional. Álvaro Siza Vieira tinha tão-só 25 anos quando foi aprovado o seu projeto da Casa de Chá da Boa Nova. À época ninguém podia prever que Siza Vieira viria a ser um dos arquitetos mais celebrados em todo o mundo, com obra encomendada nos cinco continentes e protagonista de todas as distinções possíveis, entre as quais o Prémio Pritzker, que corresponde ao Nobel para a arquitetura. A Casa de Chá da Boa Nova de Álvaro Siza Vieira é uma das obras icónicas da arquitetura europeia do séc. XX.”
Durante 22 minutos, Paula Moura Pinheiro faz do seu programa Visita Guiada uma visita à obra mais emblemática do Arquiteto Álvaro Siza Vieira recentemente recuperada pela Câmara Municipal de Matosinhos e que alberga agora um restaurante do Chef Rui Paula.
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O restauro integral da Casa de Chá da Boa Nova seguiu um projeto do próprio Arqº Siza Veira, correspondendo a um investimento total da Câmara Municipal de Matosinhos de 441 mil euros. O projeto foi financiado pelo Programa Operacional Regional do Norte – ON.2, com uma taxa de comparticipação de 85%.
Todo o edifício foi objeto de uma intervenção profunda, o permitiu atualizar equipamentos, impermeabilizar o imóvel e recuperar a cobertura, as madeiras interiores e exteriores, as caixilharias e o betão aparente. Foram igualmente colocadas caleiras novas, realizadas segundo desenho original, e reparadas as existentes.Os trabalhos de restauro e modernização custaram 371 mil euros.
O mobiliário original, criado por Álvaro Siza, foi também reproduzido de acordo com os desenhos da época e usando os materiais inicialmente previstos, implicando um investimento que ascende aos 70 mil euros, devolvendo a Casa de Chá da Boa Nova à excelência original.
A construção da “Casa de Chá - Restaurante da Boa Nova”, conforme consta dos documentos originais, resultou, recorde-se, de um concurso aberto pela Câmara Municipal de Matosinhos em 17 de Maio de 1956, durante a presidência de Fernando Pinto de Oliveira.
O programa do concurso previa que, naquele “morro” - como que um grande rochedo em parte revestido, em parte aparente, que se levanta da terra, do mar e da praia”, ligado “desde há muito à poesia portuguesa, através da personalidade triste e grande de António Nobre” -, se fizesse um miradouro, a casa de chá-restaurante e o arranjo da plataforma norte. No que concerne à casa de chá, o documento sugeria, desde logo, que se deveria procurar atingir “uma expressão nova na nossa paisagem arquitetónica”.
Em Outubro de 1956, a autarquia decidiu entregar a execução do projeto ao arquiteto Fernando Távora, que sugeriu que o equipamento ocupasse aquele ponto específico da marginal, tendo a respetiva encomenda sido formalizada em Março de 1958.
A construção foi adjudicada em Dezembro e, dois meses depois, o então jovem arquiteto Álvaro Siza foi encarregue do projeto, por ter apresentado uma solução diferente da original (que “sobressaía muito das rochas”), a qual cativou Távora, que entretanto teve de partir para Inglaterra com uma bolsa de estudos. A edificação ficou concluída e considerada apta para abertura em 20 de junho de 1963, tendo sido inaugurada a 29 de Junho, há 51 anos. Custou, então, um milhão duzentos e noventa mil escudos.
De então para cá, a Casa de Chá da Boa Nova tinha já sido objeto de obras de conservação no ano de 1991, mas o fim da última concessão, em Março de 2012, deixou o imóvel com sinais evidentes de degradação, substancialmente agravados por sucessivos atos de vandalismo. Nesse mesmo ano, a Câmara de Matosinhos aprovou a contração de um empréstimo destinado à reabilitação do imóvel que agora foi estrela da “Visita Guiada” da RTP2.
