D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto, participou ontem numa visita ao património religioso de Leça da Palmeira, périplo que culminou com a bênção da Capela do Corpo Santo, que foi objeto de uma obra de conservação e restauro levada a cabo pela Câmara Municipal de Matosinhos e orçada em 130 mil euros.
A Capela do Corpo Santo data do séc. XVI e mantém ainda a sua configuração original. Foi construída em 1557 pelos tripulantes da nau “Nossa Senhora da Conceição” como pagamento de uma promessa feita quando o navio se viu em perigo de naufragar ao largo de Leixões. É dedicada a S. Pedro Gonçalves Telmo, santo que viveu na Galiza durante o século XIII, cuja devoção se desenvolveu muito entre marinheiros e pescadores da Galiza e de Portugal a partir de finais da Idade Média, estando na base da criação de diversas confrarias nos principais portos da costa portuguesa, nomeadamente em Leça da Palmeira. Junto desta capela erguia‐se no séc. XVII a “Casa do Facho” destinada a vigiar a costa e a sinalizar a aproximação dos navios na barra de Leça.
Ao longo dos anos, a capela foi alvo de diversas obras de reabilitação. Todavia, com a deterioração ao longo dos anos, o edifício necessitava duma intervenção urgente ao nível da cobertura de forma a impedir as infiltrações a que havia sido sujeita.
A intervenção agora realizada contou com o apoio técnico da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. No interior, a capela conta com diversas esculturas dos séculos XVI a XVIII, as quais foram tratadas por uma equipa especializada, tal como sucedeu com o retábulo, o púlpito, a grade, o coro-alto e a sanca, e com os granitos interiores e exteriores. A empreitada implicou ainda a criação de uma nova sala de velórios no espaço da antiga sacristia, a instalação de um novo soalho de madeira, semelhante ao original, o aprumo e reforço das paredes, a eliminação de humidades e a construção de um novo telhado (similar ao original, mas prevendo placas de poliuretano e subtelha).
A recuperação da Capela do Corpo Santo só foi possível graças ao acordo assinado pela Câmara Municipal em junho do ano passado, com o Grupo GALP Energia, no âmbito da política de responsabilidade social daquela empresa a e da plena integração na comunidade envolvente à Refinaria de Leça da Palmeira.
O documento envolveu uma verba de um milhão e 200 mil euros e destinava-se ao desenvolvimento de atividades culturais, desportivas, ambientais e de solidariedade social do concelho, bem como à recuperação de património de interesse municipal.
Seguiu-se uma visita à Capela da Boa Nova, cuja reabilitação estará concluída dentro de três meses, à Capela de Monte Espinho e à Capela de Nossa Senhora da Piedade.
A intervenção no Salão Paroquial de Leça da Palmeira e o arranjo urbanístico no centro de Leça da Palmeira foram outras das intervenções abordadas.
O Bispo do Porto salientou a abertura da Igreja para o diálogo com as autarquias locais, dizendo que “o património religioso é propriedade da Igreja, mas é pertença de todos” e “deve estar ao serviço da comunidade”. Também o Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Guilherme Pinto, manifestou a importância de preservar o património religioso, de forma a torna-lo mais atrativo do ponto de vista turístico.
A visita contou com a presença do Vice-presidente, Eduardo Pinheiro, do Vereador da Cultura, Fernando Rocha, do Vereador da Educação, António Correia Pinto, da Vereadora do Ambiente, Joana Felício, da Vereadora da Ação Social, Lurdes Queirós, do presidente da união de freguesias de Matosinhos - Leça da Palmeira, Pedro Sousa, e do pároco da freguesia, padre Francisco Costa.
