03.10.11
Comemorações do Dia Mundial da Música incluíram actuação do Quarteto de Cordas de Matosinhos.
“Irene Vilar e Manuel Dias da Fonseca são duas figuras que transformaram para sempre o nosso Concelho”, afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, dia 1 de Outubro, Dia Mundial da Música, na cerimónia de homenagem à escultora (a título póstumo) e ao melómano e professor.
“A Irene Vilar tinha essa capacidade de humanizar quase tudo em que tocava. Matosinhos tem para com ela uma gratidão imensa. Quanto ao Manuel Dias da Fonseca, é um ser admirável com um sentido de humanidade profundo e que deu um contributo fantástico na formação dos jovens. Matosinhos deve-lhe também muito pela sua programação cultural enquanto Vereador da Cultura (1980/85) ”, explicou o Dr. Guilherme Pinto.
A Autarquia decidiu, por unanimidade, atribuir o nome de duas ruas em Matosinhos-Sul, em frente ao Parque da Cidade, a Irene Vilar e a Manuel Dias da Fonseca.
“O nome da Rua Irene Vilar vem perpetuar ainda mais a sua presença entre nós. A rua é airosa e simples como Irene Vilar gostaria”, disse Carlos Marques, em representação da família da escultora.
Irene Vilar nasceu em Matosinhos, em 1930. Escultora, pintora, medalhista. Terminou os estudos liceais no Porto e, contra a vontade da família, inscreveu-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Embora tencionasse seguir Arquitectura, o contacto com os professores como Barata Feyo e Dórdio Gomes levou-a para o mundo da escultura. Terminou a licenciatura em 1955, obtendo a classificação final de vinte valores com o trabalho "Estátua Jacente".
Em 1958, como bolseira do Instituto de Alta Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian, estudou em Itália e viajou pela Espanha, França e Suíça.
Desenvolveu uma intensa actividade docente nas disciplinas de Desenho, Educação Visual e História do Traje que a levou a percorrer históricos estabelecimentos de ensino da região como foi o caso da Escola de Gomes Teixeira, a Escola Secundária de Clara de Resende, antiga Escola Industrial Aurélia de Sousa (hoje Escola Secundária, onde foi Directora), terminado a sua carreira de docente na Escola Secundária Clara de Resende, em 1987. A partir desta data passou a dedicar-se inteiramente à Arte.
É autora de uma variada, ampla e riquíssima obra plástica, nas áreas da escultura, da medalhística, da numismática, da ourivesaria e da pintura, mostrada num sem número de exposições (individuais e colectivas) e distinguida com vários prémios. Em 1976, legou, generosamente, parte da sua criação artística à Câmara Municipal de Matosinhos, onde se podem contemplar obras emblemáticas da sua produção artística como a máscara de Florbela Espanca, o monumento aos pescadores (na Praça Guilhermina Suggia) ou, mais recentemente, o monumento evocativo do casamento do rei D. Fernando com D. Leonor Telles, na área envolvente ao mosteiro de Leça do Balio. Esta obra, inaugurada já após o seu falecimento, em 2008, no Porto, foi mesmo a sua última produção de estatuária.
A sua produção escultórica, além de Portugal, encontra-se dispersa por vários países, incluindo a Alemanha, África do Sul, Brasil, Bélgica, Holanda e China (Macau).
Manuel Dias da Fonseca nasceu em 1923. Melómano e poeta, estudou ao longo de décadas música clássica e publicou três livros de poesia: “A solidão Povoada” (1953), “A noite, um dia, um rio” (1956) e “Talvez origem” (1976).
No início dos anos 80, assumiu o Pelouro da Cultura, colocando a música clássica na agenda e na programação cultural da Autarquia.
Em Maio de 2007, foi distinguido com a medalha de honra em ouro e o título de cidadão Honorário de Matosinhos pelo seu percurso, enquanto autarca, no pelouro da Cultura, e intelectual.
“Quando soube que a Câmara ia atribuir o meu nome a uma rua, fiquei perplexo. Era para mim qualquer coisa de desmedido. Visitei o lugar e gostei. É algo que luta contra a morte”, confessou Manuel Dias da Fonseca.
Presentes na cerimónia estiveram o Vice-presidente da Autarquia, Dr. Nuno Oliveira, o Vereador da Cultura, Fernando Rocha, a Vereadora do Ambiente, Dr.ª Joana Felício, e o Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo.
As comemorações do Dia Mundial da Música prosseguiram no Salão Nobre dos Paços do Concelho com a actuação do Quarteto de Cordas de Matosinhos, acompanhado pelo pianista António Rosado.

Conteúdo atualizado em3 de outubro de 2011às 11:33

