30.07.12
Presidente presta homenagem à equipa de arquitetos e empreiteiro responsáveis pela construção daquele equipamento.
“É nos mercados que nasceu a civilização. O nosso é uma coisa espantosa. Não há nenhum mercado como nosso, com esta amplitude”, disse o Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, no dia 28 de Julho, data em que se assinalaram os 60 anos do Mercado Municipal de Matosinhos.
30 anos depois, o Dr. Guilherme Pinto regressou ao local onde praticamente viveu até aos 22 anos, tendo acompanhado os seus pais, louceiros de profissão, na loja que ocuparam naquele espaço.
Os ocupantes, antigos e atuais, do Mercado de Matosinhos receberam diplomas de mérito e um prato comemorativo da efeméride.
“O mais importante hoje é honrar a gente que, durante seis décadas, aqui viveu, trabalhou, chorou, foi feliz. Queremos dar uma nova vida a este mercado, trazer outro tipo de negócios e de atividades”, sublinhou o Vice-presidente da Autarquia, Dr. Nuno Oliveira.
A construção do atual mercado de Matosinhos veio na sequência da falta de condições e de capacidade do anterior equipamento. Construído em 1884, e apesar de uma grande remodelação em 1928, o mercado continuava a apresentar condições deficitárias.
Assim, o edifício foi demolido. A abertura do concurso de ideias para o mercado avançou em 1936.
Luís José Oliveira, estudioso na construção civil, na década de 40, concorreu à construção do Mercado Municipal de Matosinhos, um arrojado edifício desenhado pelo escritório de arquitetos ARS- Arquitetos Reunidos, com escritórios na Praça da Liberdade, no Porto, do qual faziam parte os Arquitetos Cunha Leão, Morais Soares e Fortunato Cabral.
Luís José Oliveira não ganhou o concurso para a construção, ficando em segundo lugar. No entanto, na altura da assinatura do contrato, o vencedor desistiu, pelo que foi chamado pela Câmara Municipal de Matosinhos para construir o Mercado Municipal. Em 1944, inicia-se a sua construção.
Ao construir os arcos das abóbadas, Luís José Oliveira criou uma estrutura de madeira, que deslizava sobre carris, que servia de molde (cofragem), a revestir de ferros e de cimento, arco a arco, perante algum espanto dos técnicos.
A obra foi visitada por arquitetos e engenheiros nacionais e, sobretudo, espanhóis, pois a técnica e a estrutura foi, durante anos, um caso único na Península Ibérica no que respeita ao trabalho com cimento armado. As boas acessibilidades, a luminosidade e as linhas arquitetónicas modernas, foram, durante décadas, motivo de reconhecimento.
A inauguração oficial aconteceu no dia 27 de Maio de 1952, e contou com a presença do Presidente da República, Craveiro Lopes. A sua abertura ao público aconteceu alguns meses depois da inauguração, mais precisamente no dia 1 de Agosto desse mesmo ano.
60 anos volvidos, a Câmara Municipal de Matosinhos atribuiu, a título póstumo, a medalha de mérito aos arquitetos Cunha Leão, Morais Soares e Fortunato Cabral, e ao construtor Luís José Oliveira. “Esta é uma obra de engenharia de conceção única. Foi feita numa altura difícil, em plena guerra. É a primeira obra de betão armado de grande impacto. Uma comunidade que não sabe recordar, é uma comunidade que não sabe viver. Estamos, por isso, eternamente gratos aos arquitetos e ao empreiteiro”, referiu o Dr. Guilherme Pinto.
O Mercado na nova Quadra Marítima
Há mais de duas décadas que a denominada Quadra Marítima de Matosinhos deixou de estar exclusivamente associada à indústria conserveira e à atividade piscatória.
Ao longo dos anos, Matosinhos tem vindo a transformar‐se numa cidade mais centrada no setor terciário e em campos de atividade contemporânea ligados à inovação, às indústrias criativas, às artes e o design, às novas tecnologias e ao turismo.
No sentido de valorizar o espaço urbano da Quadra Marítima, entre a Avenida da República, Rua Heróis de França, Av. Eng. Duarte Pacheco e Rua Álvaro Castelões, a Câmara Municipal de Matosinhos e a Escola Superior de Artes e Design (ESAD) assinaram, a 19 de Junho de 2009, um protocolo de colaboração.
O documento incidiu na criação do Espaço Quadra, um espaço das Artes e do Design, multidisciplinar e sustentado, capaz de qualificar setorialmente e reforçar, a nível regional, nacional e internacional, a notoriedade da cidade.
O Espaço Quadra, Centro de Inovação e Criatividade, ficará situado na Rua Brito de Capelo, ocupando as antigas instalações da Caixa Geral de Depósitos. Todavia, o Espaço Quadra terá dois pólos. O principal, com sede na Rua Brito Capelo, com um custo estimado de 1,5 milhões de euros, aguarda financiamento do QREN.
O segundo está já instalado no Mercado Municipal de Matosinhos, no antigo posto de turismo desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza. A Galeria de Arte, inaugurada em Fevereiro do ano passado, tem acolhido exposições de figuras de renome internacional como Isidro Ferrer, David Carson, Maria Gambina, João Machado e José Brandão. Em Junho, o Espaço Quadra, graças a um workshop, passou a contar com um Wine Bar.
Em breve, parte do piso superior do Mercado Municipal será transformada numa Incubadora de Empresas de Indústrias Criativas, espaço que acolherá cerca de 30 projetos e empresas, e que funcionará como núcleo de inovação, empreendedorismo e promoção social e económica do concelho de Matosinhos.
Numa primeira fase, será como um banco de ideias e projetos, permitindo aos empreendedores o acesso a um espaço infraestruturado, à utilização de serviços comuns e à orientação e acompanhamento na implementação e gestão dos projetos, desde a ideia de negócio até à sua criação.
Ainda no Mercado Municipal será criado um espaço de CoWorking, envolvendo empresas e entidades ligadas à prestação de serviços nas áreas do design, arquitetura e artes aplicadas que possam corresponder à identidade associada à marca “Quadra ”.
Este modelo possibilita uma interação com as empresas incubadas e cria uma dinâmica de parcerias que permite viabilizar o projeto Quadra, tornando‐o sustentável, promovendo‐o e dinamizando‐o.
O Mercado Municipal de Matosinhos, uma estrutura com grande importância no passado, continua a ser um local de referência no que diz respeito à qualidade dos produtos e do atendimento. Todavia, à semelhança de outros mercados europeus, tem pela frente novos desafios. O Mercado Municipal de Matosinhos necessita de assumir uma mudança na sua filosofia e de se abrir à comunidade. A Câmara Municipal quer que o Mercado de Matosinhos do Século XXI seja uma referência nas artes e na cultura na Área Metropolitana do Porto.
“Peço-vos abertura de espírito. O pior que nos pode acontecer é não sabermos para onde vamos. Já requalificamos a envolvente, efetuamos uma reorganização dos espaços no interior do mercado. A obra de instalação da incubadora está prestes a ser lançada. Temos lojas novas no exterior. O futuro é o turismo. É preciso criar condições para que as pessoas continuem a vir ao mercado”, concluiu o autarca.
As comemorações do 60º do Mercado Municipal incluíram ainda uma exposição de Filipe Couto, um programa de rádio, uma feira de artesanato, animação desportiva, recolha de bens alimentares, entre outras iniciativas. Marcaram ainda presença no evento os vereadores da Cultura, Fernando Rocha, da Educação, Prof. António Correia Pinto, Ana Fernandes, e a administradora da Matosinhos Sport, Eng. Helena Vaz.
Conteúdo atualizado em30 de julho de 2012às 11:35
