De 8 a 19 de outubro, Carlos Tê assina a direção musical da adaptação da “Medeia” à realidade portuguesa.
Demonstração cabal de que o teatro da Grécia Antiga permanece atual, o clássico “Medeia” ressurge nos palcos portugueses já na próxima semana: o Cine Teatro Constantino Nery/Câmara Municipal de Matosinhos estreia na quarta-feira, dia 8, a peça “Breviário Gota d’Água”, de Heron Coelho, que mais não é do que uma transposição da tragédia de Eurípedes para um bairro portuense do século XXI. Com encenação de Luísa Pinto, o espetáculo conta ainda com direção musical de Carlos Tê e ficará em cena até ao próximo dia 19, rumando depois para um circuito por várias cidades do estado de São Paulo, no Brasil.
“Breviário Gota d’Água” tem como ponto de partida o musical “Gota d’Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes (que beberam da adaptação televisiva da “Medeia” que Oduvaldo Vianna Filho tinha feito alguns anos antes). Livremente inspirado pelas várias versões da tragédia, Heron Coelho situou a sua “Medeia” num miserável conjunto habitacional do Rio de Janeiro do século XX. Em Matosinhos, porém, o enredo protagonizado por Joana, Jasão, Alma e Creonte tem como cenário um bairro degradado do Porto, no século XXI.
O dispositivo cénico em arena envolve o público e inclui-o no espetáculo, em cujo intervalo os intérpretes servem aos presentes o caldo verde cozinhado durante a primeira parte, acompanhado de broa e vinho. Trata-se, pois, de uma versão única do clássico grego – e, ainda assim, densa, profunda e dura. Joana vê-se abandonada por Jasão em detrimento da rica herdeira Alma. Encontra vingança matando os filhos e suicidando-se, tal e qual como nas notícias que quase todos os dias aparecem nos jornais mais próximos da tragédia grega que sobrevive entre nós.
“Breviário Gota d’Água”, refira-se, foi objeto de um ensaio aberto ao público no dia 29 de setembro, no âmbito do festival Cena Contemporânea de Matosinhos em Português. As duas imagens em anexo foram captadas durante essa apresentação.
Ficha Artística
Roteiro e Adaptação – Heron Coelho
Encenação – Luisa Pinto
Direção Musical – Carlos Tê
Arranjos Musicais e ambientes sonoros – Nicolas Tricot
Cenografia e Figurinos – Luisa Pinto
Desenho de Luz – Bruno santos
Interpretação - Inês Mariana Moitas, João Costa, Paulo Calatré, João Melo, isabel Carvalho, Isabel Cruz, Catarina Santos, Sofia Príncipe, Rui David e Nicolas Tricot.
Produção – Cine Teatro Constantino Nery/ Câmara Municipal de Matosinhos