A Câmara Municipal de Matosinhos, por iniciativa do Vereador da Cultura, Fernando Rocha, deliberou hoje, dia 26 de março, por unanimidade, a atribuição de voto de pesar a Óscar Lopes.
O autor de mais de duas dezenas de obras sobre a literatura, língua e cultura portuguesas faleceu no dia 22 de março de manhã, na sua residência, no Porto. O funeral realizou-se no cemitério de Matosinhos. O presidente da Câmara Municipal, Dr. Guilherme Pinto, ausente no estrangeiro por motivos profissionais, fez-se representar nas cerimónias fúnebres pelo Vereador da Cultura, Fernando Rocha.
Nascido a 2 de Outubro de 1917 na freguesia de Leça da Palmeira, concelho de Matosinhos, Óscar Luso de Freitas Lopes foi ensaísta e professor jubilado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
Licenciado em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa em 1941, completaria em seguida a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra. Entretanto, obteve diplomas superiores no Instituto Britânico do Porto e no Conservatório de Música da mesma cidade.
Professor do ensino secundário entre 1941 e 1974, cedo se afirmaria como um crítico exigente e um ensaísta versátil e rigoroso, tratando ora a história, ora a literatura, ora a linguística, ora a filosofia, sempre de forma a creditar-se como um dos maiores ensaístas portugueses contemporâneos.
Como crítico e ensaísta literário, teve um importante papel no estudo e na problematização do neo-realismo português, de que foi um dos mais clarividentes estudiosos. Entre 1967 e 1971 foi bolseiro do Instituto de Estudo Pedagógicos da Fundação Calouste Gulbenkian, com equiparação a bolseiro pelo Instituto de Alta Cultura, o que lhe permitiu a realização de importantes experiências quanto à coordenação do ensino das disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática, ao nível do então ciclo preparatório.
Entre 1974 e até à sua jubilação lecionou na Faculdade de Letras da Universidade, exercendo aí também diversos cargos académicos nomeadamente o de Diretor da FLUP e de Vice-Reitor da Universidade do Porto.
Autor de numerosos ensaios sobre as áreas da literatura, linguística publicadas em livro ou em revistas especializadas, foi galardoado ao longo da sua carreira com diversos prémios.
Com António José Saraiva, foi coautor da "História da Literatura Portuguesa" (1955), apontada como uma obra de referência obrigatória para várias gerações de estudantes portugueses. Esta obra, em que as primeiras três edições sofreram diversos cortes da censura do Estado Novo, apareceu pela primeira vez em 1955 e conheceu 20 reedições sucessivas, atualizadas e ampliadas.
Óscar Lopes foi também um intelectual com um forte empenhamento cívico e político, nomeadamente como militante do Partido Comunista Português e membro, durante vários anos, do seu Comité Central.
Como reconhecimento da importância da sua atividade académica e cívica o Estado Português homenageou-o com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, em 1989, e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 2006, pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
A Câmara deliberou, por unanimidade, aprovar a atribuição de um voto de pesar.
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