Hirosuke Watanuki de visita a alguns espaços emblemáticos do concelho
O artista japonês Hirosuke Watanuki (1926) regressou a Matosinhos, ao fim de algumas décadas, e visitou ontem, 25 de julho, o Museu da Quinta de Santiago, bem como o lugar da Boa Nova e a Casa de Chá, da autoria do arquiteto Siza Vieira.
Fascinado com a beleza do espaço museológico e siderado com a evolução urbana e paisagística da zona envolvente ao Porto de Leixões, confidenciou, num português quase perfeito, que “Portugal é a minha segunda casa e em Matosinhos fiz várias amizades”. Como gesto de cortesia ofereceu à Autarquia duas gravuras com caligrafia nipónica, que simbolizam a importância do chá como forma de relaxamento e o papel do destino na sua caminhada vivencial.
O Mestre Watanuki radicou-se temporariamente em Portugal nas décadas de 50 e 60, e aqui encontrou porto seguro, tendo-se apaixonado e enamorado por Matosinhos, terra que visitou assiduamente entre 1959 e 1962. Natural de Kobe, cidade portuária próxima de Osaka, fascinou-o certamente o Porto de Leixões, e aqui testemunhou e registou numa série notável de desenhos relacionados com as profundas transformações na paisagem urbana que decorriam nessa época, nomeadamente a construção da doca número 2 (1957-62) e da Ponte Móvel, inaugurada em 1959.
Em Matosinhos expôs no início da década de 60 diversos trabalhos, no antigo Posto de Turismo Municipal, localizado no Mercado de Matosinhos. Em resultado dessa mostra, a Autarquia viria a adquirir entre 1960 e 1962 um total de doze obras do artista nipónico, conjunto significativo que integra a exposição “Watanuki: agora mesmo”, que inaugurou na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, no dia 20 de julho.
O núcleo de obras da Câmara de Matosinhos é composto por onze desenhos, a tinta da china e a água tinta, e uma pintura, de técnica mista, com temáticas como a paisagem portuária, as praias ou a igreja do Senhor Matosinhos. Nos desenhos verifica-se uma preocupação em produzir registos rápidos e impressivos da paisagem, quase sem recurso à figuração, descrevendo de forma linear e despreocupada as infraestruturas portuárias e a azáfama do trabalho, sendo visível um contraste entre os planos horizontal (linha do horizonte, molhes) e vertical (guindastes, chaminés de fábricas…). Além disso, Hirosuke acabou por eternizar elementos que atualmente já não existem no panorama matosinhense, tais como a antiga lota, a primitiva Ponte Móvel, o estaleiro naval em Leça ou as chaminés de fábricas de conservas.
Por sua vez, as duas marinhas exibem um registo completamente diferente, sendo incontornável constatar a dose de fantasia, a geometria e um certo abstracionismo dos rochedos das praias de Leça da Palmeira.
Em Matosinhos, Watanuki veio também a estabelecer uma relação de amizade com o então Presidente da Câmara, Eng.º Fernando Pinto de Oliveira (1911-1975). De acordo com os descendentes de Pinto de Oliveira, Hirosuke terá oferecido ao edil várias gravuras e há registo de troca de correspondência entre ambos. A título de exemplo, a 12 de janeiro de 1963, o artista trata-o por “meu excelentíssimo amigo” e refere que “tenho o prazer de lhe enviar a coleção dos meus postais que a T.A.P. editou, e de que eu já lhe falara”.
A sensibilidade e o gosto do autarca pela obra do oriental terão sido decisivos para que a edilidade tenha apostado em comprar um número tão expressivo de peças, que ainda hoje constituem a maior coleção pública de obras de Hirosuke Watanuki.
Notícias relacionadas
-
Piscinas e ginásios municipais

Piscinas e ginásios municipais
03.06.20 -
Regresso das trotinetas e bicicletas elétricas

Regresso das trotinetas e bicicletas elétricas
03.06.20 -
Eucaristia Solene do Senhor de Matosinhos

Eucaristia Solene do Senhor de Matosinhos
02.06.20 -
Orquestra Jazz de Matosinhos de regresso

Orquestra Jazz de Matosinhos de regresso
01.06.20
