
Lançamento de concurso público no Parque Oficinal de Guifões
A CP – Comboios de Portugal lançou ontem o concurso público para a aquisição de 117 automotoras elétricas, numa cerimónia realizada no Parque Oficinal de Guifões, em Matosinhos, com a presença do Ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, do Secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, do Secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, do Vice- Presidente da Câmara de Matosinhos, Carlos Mouta, da Presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, Palmira Macedo, do Presidente da União das Freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões, Pedro Gonçalves, entre outras individualidades.
O presidente do Conselho de Administração da CP, Pedro Moreira, apresentou os termos do concurso para esta aquisição.
O concurso de âmbito internacional está em fase de qualificação prévia de candidatos e tem um valor base de 819 milhões de euros, prevendo, para além da aquisição de 117 automotoras, peças de reserva, ferramentas especiais, uma oficina de manutenção de material circulante de 2º nível, que será construída em Guifões, bem como a opção de compra de mais 36 automotoras. Estas terão, entre outras características, 70 metros de comprimento e serão elétricas e alimentadas a partir da catenária (25Kv/50Hz).
O caderno de encargos apresenta como fatores de avaliação do concurso: preço e condições de pagamento (21%), qualidade técnica do material circulante (56%), prazo de garantia dos bens fornecidos e componentes (8%) e realização de trabalhos de montagem/fabrico em Portugal com critérios de índole social (15%). Para a obtenção da pontuação máxima neste último fator de avaliação do concurso é necessário que todos os trabalhos sejam realizados em Portugal e que sejam ativados os critérios de índole social, entre eles, a criação de postos de trabalho para deficientes, desempregados de longa duração e jovens à procura do 1º emprego.
“Depois de décadas de abandono da ferrovia em Portugal, este é um dia histórico”, com “a maior aquisição de comboios de toda a história da CP e do país”, disse o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, hoje na apresentação do concurso público no Parque Oficinal de Guifões.
O Ministro aproveitou o momento para endereçar um agradecimento especial a todos os colaboradores e trabalhadores da CP enaltecendo o trabalho de recuperação de material circulante que tem vindo a ser feito nos últimos 2 anos que tem permitido a colocação em circulação de várias unidades que estavam completamente paradas um pouco por todo o país, representando uma poupança de milhões de euros.
Conscientes que um concurso público é um procedimento muito demorado, esta recuperação tem sido extremamente importante e tem possibilitado a renovação da frota existente enquanto não é possível a aquisição de novas unidades.
“Estamos a recuperar décadas de atraso, de abandono, de desinvestimento”, salientou Pedro Nuno Santos. “É uma época de revolução”, acrescentou.
Refira-se que o concurso lançado inclui 62 automotoras para o serviço urbano. 34 para a linha de Cascais, substituindo as atuais 29, que têm mais de 50 anos, 16 unidades para reforçar as restantes linhas da Área Metropolitana de Lisboa (Sintra, Azambuja e Sado), 12 unidades para reforçar os serviços urbanos do Porto. 55 automotoras elétricas servirão todas as linhas do serviço regional.
O concurso inclui a construção de uma instalação para a CP usar futuramente para a manutenção destes comboios, localizada em Guifões, assim como também será possível o fabrico das novas automotoras na nova oficina de Matosinhos, se o vencedor do concurso assim o quiser. A encomenda será atribuída apenas a uma empresa ou consórcio.
Prevê-se a conclusão do concurso para final de 2022, esperando-se que o primeiro comboio chegue em 2026 e que a totalidade das composições esteja em circulação em 2029, com a previsão de entrega de 3 unidades por mês.
O Ministro afirmou também que, “a este grande investimento, tínhamos de associar uma estratégia industrial: já que vamos fazer um elevado investimento na aquisição, é importante que ele tenha consequências na indústria nacional”. Por isso, o caderno de encargos do concurso, “cumprindo a legislação da União Europeia, tem como objetivo garantir que uma parte considerável dos comboios que vão ser fornecidos, tenha incorporação da indústria nacional”.
Pedro Nuno Santos não se inibiu de reforçar em vários momentos da sua intervenção que a produção dos novos comboios tem de ser feita em Portugal, pelo menos na sua maioria. “Temos aqui representantes de vários países que nos merecem o devido respeito, mas que fique bem claro, a produção tem de ser feita cá”. “Aliás, isto não pode ser visto como um peso, mas sim como uma oportunidade. A oportunidade de fazerem parte de um dos maiores centros/cluster de produção, desenvolvimento, inovação e formação no setor ferroviário”. “Já ninguém vai parar o comboio em Portugal”, rematou o Ministro.
