Festival de teatro Cena Contemporânea de Matosinhos arrancou com espetáculo emocionante vindo do Brasil e com uma homenagem à atriz e encenadora Fernanda Lapa.
O presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Guilherme Pinto, anunciou ontem a criação de um prémio de escrita teatral em língua portuguesa. O anúncio foi feito durante a sessão de recepção aos participantes na primeira edição do festival Cena Contemporânea de Matosinhos em Português, que vai decorrer até 30 de Setembro e que arrancou com uma homenagem à atriz Fernanda Lapa e com a peça “Aldeotas”, do ator, encenador brasileiro brasileiro Gero Camilo.
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“Isto é um encontro muito fraternal”, disse Fernanda Lapa, confessando a sua emoção pela homenagem que o festival lhe dedicou, culminada pela entrega de uma réplica da máscara de Florbela Espanca criada pela escultora Irene Vilar. “Os responsáveis políticos de Matosinhos leram a constituição, sabem que está lá consagrado o direito à cultura e cumprem-no. Puseram Matosinhos no mapa”, declarou ainda a atriz que esteve associada aos primeiros passos da atividade teatral no concelho, quando, conforme recordou o vereador da Cultura, Fernando Rocha, os espetáculos ainda se faziam numa garagem de automóveis.
“Temos memória e não esquecemos. A primeira homenageada do festival tinha de ser a Fernanda Lapa, não podia ser outra pessoa”, disse por sua vez Guilherme Pinto, que prometeu “continuar a apostar naquilo que nos interessa”, nomeadamente na criação de uma nova identidade para Matosinhos ligada à cultura e à criatividade, que complemente as tradições marítima, pesqueira e balnear da cidade.
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O prémio ontem anunciado, explicou ainda Guilherme Pinto, pretende constituir um estímulo à produção de textos em português destinados à interpretação teatral, sendo já certo que a peça vencedora deverá ser levada ao palco na edição seguinte do festival.
O festival Cena Contemporânea de Matosinhos em Português, recorde-se, foi criado com o intuito de promover o teatro escrito em língua portuguesa e de estimular o contacto entre os produtores culturais dos diferentes países da lusofonia. A primeira edição prossegue hoje e amanhã, merecendo sublinhado a conferência que o escritor angolano Ondjaki fará na Biblioteca Florbela Espanca, onde apresentará também um livro que resulta de uma experiência de escrita dramatúrgica. Também amanhã, mas à noite e no CTCN, subirá ao balco a peça “Caso Hamlet”, pela companhia Peripécia teatro.
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Na programação até dia 30 destacam-se ainda a estreia absoluta da peça “O meu país é o que o mar não quer”, de Ricardo Correia, a “Ode Marítima”, de Fernando Pessoa, na voz de João Grosso, a peça “Um dia os réus serão vocês”, que tem por base o julgamento de Álvaro Cunhal em 1950, e o ensaio público da peça “Breviário Gota D’Água”, que o Cine-Teatro Constantino Nery vai estrear em Outubro.
Em Matosinhos, a acompanhar o festival, está ainda uma assessora da ministra da Cultura do Brasil, a qual prometeu elaborar um documento que impulsione a futura colaboração do governo brasileiro com o Cena Contemporânea de Matosinhos em Português.
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