
O Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, acompanhado pelo Vereador da Cultura Fernando Rocha e por Ângelo de Sousa, inaugurou no passado dia 14 de Junho, na Galeria Municipal, a exposição «Ângelo de Sousa. Escultura + 100 Desenhos» que, com algumas esculturas em aço inox, prolonga-se ao espelho de água envolvente à Galeria Municipal.
As esculturas em aço inox patentes na exposição são resultado de obras criadas em maquetes nos anos 60 do século passado. Em 2006, Ângelo de Sousa passa os referidos estudos de 1965-1966 para “tamanho natural”. Para além das esculturas a exposição apresenta também 100 Desenhos mais recentes.
Ângelo de Sousa é com certeza um dos nomes mais importantes da arte contemporânea portuguesa. Nasceu em Moçambique, Lourenço Marques em 1938. Vive e trabalha no Porto desde 1955. Frequentou o curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. A partir de 1962 exerce o ensino de várias cadeiras do curso de Pintura na ESBAP e depois na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto onde foi Professor Catedrático. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do British Council em Londres (1967-68). Tem participado em diversas exposições individuais e colectivas, entre as quais, em 2007 Pintura 2000-2003, Galeria Quadrado Azul, Lisboa, Escultura, Pavilhão Centro Portugal, Coimbra, em 2006 “ Ângelo de Sousa – Ainda mais escultura”, Cordoaria Nacional, Lisboa e no CAM, Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2004, Arco ´04 pela Galeria Quadrado Azul, Madrid, Espanha. Obteve vários prémios entre outros, em 2007 Prémio Gulbenkian, categoria Arte. Prémio Amadeo Souza Cardoso, categoria consagração; Prémio EDP, Pintura em 2000; Prémio Nacional de Pintura Tendências da Arte Contemporânea em Portugal, Museu Municipal de Santa Maria da Feira.
Artista multifacetado, Ângelo de Sousa, dedica-se para além da pintura e desenho, à escultura, à fotografia e ao filme desde 1968, alguns exibidos na Casa das Artes, no Porto no ano de 1996.
No catálogo desta exposição escreve Emília Pinto de Almeida “A um certo nível podemos pensar nas esculturas de Ângelo de Sousa como formas à medida do homem, já que a ele ajustadas. Ter a mão como medida ou, numa mais pequena escala, ter como medida os dedos, significa que as obras estariam disponíveis para que as mãos as experimentassem, como aliás se sugere no título de um quadro de finais da década de 60, “Catálogo de algumas formas ao alcance de todas mãos”. Disponíveis para serem manuseadas, deixariam de estar sujeitas à imobilidade mais tradicional da escultura (já de si contrariada pela vibração dos materiais, dos aços inoxidáveis e das chapas de alumínio) e ganhariam movimento: o movimento das mãos manuseando, o seu movimento originário, o movimento das mãos directamente sobre os materiais, sem ensaios ou, de outro ponto de vista, sempre como ensaios, como formas e processos da experimentação.
Este movimento é o que define a própria mutação das suas formas, já que no gesto (real ou potencial) de serem agarradas e depois pousadas noutra posição, colocadas e recolocadas, as esculturas de Ângelo de Sousa se tornam sempre outras, agenciando novas formas e novas relações, explorando novas linhas. Por outro lado, o terem a mão como medida põe em evidência que essa experimentação dos materiais e da matéria não se quer apenas da parte daquele que cria, mas antes extensível ao espectador, de tal modo que, aliás, este tenha mesmo de deixar de ser espectador (porque não lhe bastam os olhos, precisa do tacto), para passar também a experimentador. Esta passagem do espectador ao experimentador também se faz quando a medida é o corpo todo, já que as esculturas a essa escala se tornam pequenas arquitecturas, no sentido em que ganham altura suficiente para que um corpo possa circundá-las com os seus passos ou possa passar-lhes por baixo – penso numa escultura que parece uma espécie de um portal. Neste caso, a mutação das formas da escultura define-se pela deslocação corporal, do movimento do corpo de quem a experimenta e dos vários pontos por que passa nesses trajectos que realiza em redor daquela, das várias posições relativamente àquela e daquela relativamente ao corpo”.
A exposição estará patente ao público até 15 de Agosto com o seguinte horário:
Segunda a Sexta-feira: 9h00-12h30 / 14h00-17h30
Sábados, Domingos e Feriados: 10h00-13h00 / 15h00-18h00
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