A Festa da Liberdade

Autarcas do Executivo, membros da Assembleia Municipal, administradores das empresas municipais, autarcas de freguesia, representantes de várias instituições do Concelho encheram esta manhã o Salão Nobre dos Paços do Concelho para celebrar os 44 anos da democracia em Portugal.

Como habitualmente, as cerimónias comemorativas do 25 de Abril organizadas pela Câmara Municipal de Matosinhos iniciaram-se no exterior do Edifício dos Paços do Concelho com o hasteamento de bandeiras, acompanhado pela Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Infesta.

As bandeiras foram hasteadas pela Presidente da Câmara Municipal, Luísa Salgueiro, pela Presidente da Assembleia Municipal, Palmira Macedo, e pelo presidente da junta da união das freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Pedro Sousa.

Seguiu-se a Sessão Solene de atribuição de medalhas e distinções honoríficas no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

A Presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, na sua intervenção, sublinhou “o percurso notável” que Portugal empreendeu desde 1974. “Vivemos incomparavelmente melhor do que há 44 anos. Adquirimos direitos e regalias que pareciam impensáveis a quem viveu antes da revolução”, admitiu Palmira Macedo, lembrando, no entanto, que “o caminho não foi fácil”.

Destacando “as grandes conquistas do poder local e dos cidadãos que nós servimos”, Palmira Macedo defendeu uma “melhor distribuição das competências do Estado”. “A descentralização dos poderes do Estado constitui um modo de continuar Abril. Somos autarcas de Abril. Saberemos estar à altura daquilo que reclamam de nós”, concluiu a Presidente da Assembleia Municipal.

Como já vem sendo tradição, a Câmara Municipal de Matosinhos escolhe o dia 25 de Abril para prestar homenagem a cidadãos e instituições que se destacam pelo seu percurso profissional, pelos padrões de excelência no seu trabalho e pela sua dedicação ao Concelho.

Este ano, a autarquia atribuiu a Medalha de Mérito Dourada ao padre João Matias que este ano completa 50 anos de sacerdócio, à Paróquia da Senhora da Hora e à Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Infesta, duas instituições centenárias.

João Matias Azevedo nasceu a 22 de setembro de 1942, em Podame, concelho de Monção, e reside em Santa Cruz do Bispo, Matosinhos.

Fez a escola primária na sua terra natal e frequentou o Seminário Menor dos Padres Carmelitas de Viana do Castelo. Concluiu a licenciatura em Teologia a 21 de maio de 1969 na Pontifícia Faculdade "Teresianum", de Roma, Itália.

Foi ordenado Presbítero em Roma a 21 de abril de 1968. Durante os primeiros anos, como presbítero e religioso, na Ordem do Carmo, foi professor de Teologia no Instituto Superior de Estudos Eclesiásticos do Porto e Professor de Religião e Moral no Liceu D. Manuel II, do Porto. Posteriormente, desempenhou o cargo de Superior e Reitor da Igreja do Carmo, de Braga.

Em 1975 mudou-se para a Diocese do Porto, ficando a fazer parte do Clero Diocesano. Nesse mesmo ano foi nomeado pelo Sr. Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, Pároco de Santa Cruz do Bispo e Assistente Religioso dos Serviços Prisionais.

Foi Vigário da Vara de Matosinhos, durante 15 anos, até 1996.

Atualmente, além do serviço paroquial, continua a desempenhar as funções de capelão do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo.

É Diretor do Jornal Crescendo, que fundou há 38 anos, e Presidente da Direção do Centro Social Paroquial de Santa Cruz do Bispo, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, construída sob a sua orientação e com trabalho reconhecido no âmbito social.

Já a Paróquia da Senhora da Hora celebra em 2018 cem anos de existência. A sua origem remonta a 1514, na Fonte das Sete Bicas, local onde foi construída a capela de Nossa Senhora da Hora, que se tornou o primeiro templo da freguesia.

Desde essa altura, a Capela de Nossa Senhora da Hora foi alvo de várias intervenções, ganhando uma nova importância que viria a ser reconhecida quando D. António José de Sousa Barroso, Bispo do Porto, erigiu canonicamente a Paróquia de Nossa Senhora da Hora, há precisamente 100 anos.

Com a chegada da iluminação pública e do saneamento básico no início do século XX, a Senhora da Hora cresceu e ganhou a designação de freguesia.

Na década de 50, surge o desejo da construção de uma nova igreja. Com um projeto do arquiteto Paulo Sampaio, é inaugurada a 11 de fevereiro de 1963 a nova Igreja da Senhora da Hora.

Com o 25 de Abril, a freguesia da Senhora da Hora cresce com os investimentos nas áreas da educação, solidariedade social, saúde, comércio e serviços e, já na década de 80, é elevada a vila (23 de agosto de 1986).

A década de 90 marca a realização de grandes obras na Paróquia da Senhora da Hora, ao nível do cemitério, requalificação e restauração da Igreja Paroquial e da Igreja Antiga, e a construção da capela mortuária. Ainda nesta década são reativadas as Festas em honra de Nossa Senhora da Hora, 20 anos depois.

Com a viragem do século e a chegada do Metro do Porto, o desenvolvimento prossegue, culminando com a elevação da Senhora da Hora a cidade. Liderada desde 21 de setembro de 2008 pelo Padre Amaro Gonçalo Ferreira Lopes, a Paróquia da Senhora da Hora realiza um conjunto de obras, entre as quais a construção da nova residência paroquial, a requalificação da sede dos escuteiros, coro, catequese, antiga capela do centro paroquial, entre outras.

Em representação da Paróquia da Senhora da Hora, o padre Amaro Gonçalo recebeu a Medalha de Mérito Dourada.

Fundada a 18 fevereiro de 1918, a Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Infesta é hoje uma instituição de referência em Portugal no que respeita à proteção civil.

Em cem anos de existência, muitos foram os que por ali passaram e deram o seu contributo.

Bombeiros, dirigentes, associados e beneméritos deixaram a sua marca na história desta prestigiante instituição do Concelho de Matosinhos, prescindindo, muitas vezes, do tempo dedicado à sua vida familiar para prestar um serviço público à comunidade.

Os bombeiros são os grandes agentes locais a honrar os compromissos de proteção civil. Numa situação de emergência, os bombeiros não viram as costas ao perigo e são estes os exemplos de vida que merecem a nossa consideração.

Reconhecendo o papel fulcral que as corporações de bombeiros desempenham na proteção das populações, a Câmara Municipal decidiu voltar a celebrar o Dia do Bombeiro Municipal, a 19 de maio, integrando as comemorações nas Festas do Senhor de Matosinhos.

O trabalho e a dedicação ao próximo da Associação Humanitária Bombeiros Voluntários S. Mamede de Infesta valeram-lhe já este ano a atribuição, pelo Ministério da Administração Interna, a medalha de mérito de proteção e socorro, no grau ouro e distintivo azul.

No ano em que assinala o seu centenário, a Câmara Municipal de Matosinhos presta a sua homenagem à Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Infesta.

A Medalha de Mérito Dourada foi entregue a Leonida Morais, presidente da direção, e a Gilberto Gonçalves, comandante da corporação.

Em representação dos homenageados deste ano, o padre João Matias recordou a sua “Primavera romana”, quando abraçou o sacerdócio, como “tempos de grandes expetativas, tempos de grandes mudanças auspiciosas na Igreja e na sociedade”, referindo-se às mudanças que surgiram depois de eventos marcantes como o Concílio Vaticano II e o movimento do Maio de 68. “Em Portugal, ouviam-se trovas de ventos novos. Ventos de Primavera”, acrescentou. O pároco de Santa Cruz do Bispo enalteceu ainda a Câmara Municipal de Matosinhos pelo louvor atribuído a uma paróquia como a Paróquia da Senhora da Hora e “aos heróis do voluntariado”, referindo-se aos Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Infesta.

Coube à Presidente da Câmara Municipal encerrar as cerimónias comemorativas do 25 de Abril. Lembrando os valores de Abril, Luísa Salgueiro afirmou que “a revolução, a democracia e o desenvolvimento anunciados naquela manhã de Abril depararam-se com vários obstáculos”.

“O trabalho de construção de um país ou de uma comunidade nunca está terminado. Aqui ou em qualquer parte do mundo. É preciso o esforço de todos para que seja possível cumprir Abril. Acredito que é possível mudar o mundo, melhorando uma vida de cada vez. Já muito foi feito, mas isso também nos motiva para continuar a fazer mais e melhor. Ao fazermos estas homenagens, não estamos apenas a reconhecer e a agradecer o trabalho em prol das vossas comunidades. Queremos dignificar o sentido do serviço público e inspirar outros a fazer o mesmo”, defendeu a Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.