O Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery recebe este fim de semana “À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua”, uma peça de Jorge Louraço, que constitui uma homenagem a Ribeirinho, o histórico ator, encenador e realizador português.
Com sessões às 21h30 dos dias 23 e 24 de março e às 16h00, amanhã, dia 25 de março, o teatro contemporâneo português regressou assim a Matosinhos para homenagear o ator e encenador Francisco Lopes Ribeiro, o Ribeirinho, e também para refletir sobre o próprio teatro numa espécie de exercício que teve no seu centro as três montagens de Francisco Lopes Ribeiro para a peça “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett.
Com texto e encenação de Jorge Louraço e interpretação de Estêvão Antunes, Mário Moutinho, Óscar Silva e Pedro Diogo, “À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua” estreou no Teatro da Trindade, em Lisboa, no final do ano passado. O espetáculo é uma comédia que se opõe à elitização da cultura e do teatro. Cruzando o texto de Beckett com referências à história e aos grandes êxitos cinematográficos da época, encontramos Ribeirinho, outros dois atores e um ponto à espera – não de Godot, mas de Beckett, que deveria assistir a uma récita do espetáculo. O autor irlandês, porém, não aparece. E o ambiente nos ensaios torna-se tenso e desanimado.
Francisco Lopes Ribeiro é conhecido por alguns dos filmes mais representativos do século XX português, de que são exemplo “O Pai Tirano” ou “O Pátio das Cantigas”, mas o Ribeirinho foi também realizador e um encenador premiado. A montagem de 1959 da peça “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett, valeu-lhe o Prémio Eduardo Brazão de encenação. “À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua” é, assim, uma homenagem ao encenador que foi capaz de aliar a erudição do dramaturgo irlandês ao gosto popular português, a despeito das intromissões da Censura.
