No sábado, 8 de dezembro, o edifício da Câmara Municipal de Matosinhos comemorou o 25º aniversário. Para assinalar a data, a Câmara esteve aberta aos cidadãos. Pelas 10.30 decorreu uma visita guiada com a presença do autor do projeto, o Arqº Alcino Soutinho, do Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto e do vice-Presidente, Dr. Nuno Oliveira. Uma experiência fantástica e que atraiu dezenas de cidadãos ávidos por conhecer melhor este símbolo do Poder Local do pós- 25 de Abril sob a batuta de quem o desenhou, de quem pensou em cada recanto, cada móvel, cada puxador de porta ou cada candeeiro.
De tarde, decorreu nova visita e, apesar do Arqº Alcino Soutinho não ter estado presente, o anfitrião foi o Vereador Fernando Rocha, vereador da Cultura, Juventude e Voluntariado, e também responsável pela manutenção dos Paços do Concelho, que teve ao seu lado Joel Cleto que , deu conta de cada pormenor e cada história deste edifício onde trabalham diariamente cerca de 500 pessoas e que, apesar disso e dos seus 25 anos, continua “em plena forma” fruto do extremo cuidado que a Autarquia coloca na sua manutenção. O Vereador Fernando Rocha recordou que não é fácil garantir a conservação de um edifício onde cada elemento foi desenhado e produzido em exclusividade para este espaço e que, por exemplo, retirar uma alcatifa de 750 kg do o Salão Nobre para proceder à sua lavagem e manutenção é uma tarefa quase hercúlea ou que se teve de “criar” um sistema de mudança das lâmpadas nos candeeiros desenhados por Alcino Soutinho.
Estas visitas percorreram alguns dos espaços mais importantes do edifício, como a Sala de Sessões Pública; o Salão Nobre; Gabinetes da Vereação, gabinetes de trabalho dos arquitectos da Câmara, Gabinete do Presidente da Câmara e Sala de Espelhos ou a Loja do Munícipe.
No Átrio foi inaugurada uma exposição comemorativa onde podem ser apreciados esquiços do Arqº Alcino Soutinho, plantas do projeto, a maquete inicial ou ainda publicações da autarquia relativas a esta temática. Recorde-se que a abertura do concurso público para o projecto do edifício dos Paços do Concelho de Matosinhos foi, à época, um grande evento, uma vez que todos os grandes arquitectos nacionais fizeram questão de concorre.
Tendo havido empate técnico entre dois projectos, a escolha acabou por recair no projeto de Alcino Soutinho porque este teve o cuidado de manter, valorizar e retratar o Palacete Visconde de Trevões, um elemento que era considerado para demolição por quase todos os outros projectos.
Esquiços desta preocupação em enquadrar o Palacete por parte de Soutinho podem ser admirados nesta exposição que ainda se mantem no Átrio dos Paços do Concelho. Outro elemento de valor incalculável e que foi revelado este fim de semana a propósito do 25º aniversário dos Paços do Concelho foi um conjunto de desenhos, num único pedaço de papel, feitos pelo Arqº Fernando Távora, júri do concurso, de cada um dos 26 projetos. Mais tarde, após decisão final, Távora fez questão de oferecer este “testemunho em papel” a Alcino Soutinho que, passado um quarto de século, partilhou com a Autarquia e com os cidadãos de Matosinhos. Um testemunho precioso que será retratado com cuidado e rigor daqui para a frente junto de todo o espólio relativo aos Paços do Concelho.
Inaugurado a 8 de dezembro de 1987, O edifício da Câmara Municipal de Matosinhos, é um emblemático exemplo da arquitetura contemporânea portuguesa cuja singularidade tem sobressaído e constituído uma fonte de admiração aqui e além fronteiras.
Nascido da necessidade de criação de um novo espaço de trabalho para dar resposta à exiguidade do edifício da Rua Brito Capelo, o novo edifício dos Paços do Concelho conseguiu conciliar, de forma feliz, a estética e a funcionalidade. Marca, de forma clara, a mudança da centralidade de Matosinhos.
Neste edifício, nascido da genialidade do Arqº Alcino Soutinho, o primeiro construído de raiz depois do 25 de Abril, são visíveis os primeiros sinais de independência autárquica.
Tal como o Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, fez questão de explicar, “é a democracia acessível a todos, não há portas, a sala de reuniões pública é aberta e o poder que aqui se exerce é fiscalizado e participado pelos cidadãos”.
No exterior, a escultura de José Cutileiro mostra a cidade dos tempos modernos. No interior, a lenda de Matosinhos é retratada num painel de Júlio Resende que pode ser admirado por completo apenas por quem se senta nas cadeiras do poder na Sala de Sessões Pública, mas que mesmo visionado de forma parcelada permite uma visão única do que foi Matosinhos e dos seus principais símbolos.
Uma grande obra diante da qual, apesar do tempo percorrido, não nos é possível ficar indiferente. O bom gosto, a harmonia dos espaços, a simplicidade das linhas e das formas, a volumetria, o pormenor do grafismo mostram, efetivamente, a existência de um equilíbrio perfeito entre a estética e a funcionalidade.
Conteúdo atualizado em10 de dezembro de 2012às 12:50