
Os museus são instrumentos imprescindíveis na dinamização cultural das comunidades e na divulgação do(s) saber(es). Um dos mais emblemáticos do concelho de Matosinhos, o Museu da Quinta de Santiago, comemorou no sábado, dia 2 de Abril, o 15º aniversário.
Viveu-se, por isso, um dia diferente! “15 Prendas no Jardim” foi uma das iniciativas preparadas para este dia festivo pela autarquia. Dar largas à imaginação e fazer uma prenda para o museu foi o mote lançado aos participantes na actividade que durou o dia inteiro.
Entre as 10 e as 18 horas, o tempo foi de visita à Cascata Gigante doada ao município, através de protocolo aprovado na Reunião de Câmara do passado dia 28 de Março, por José António Fernandes Moreira, cascateiro e cidadão da freguesia de Leça da Palmeira. O objectivo desta doação foi ficar exposta ao público na Casa do Bosque do Museu da Quinta de Santiago a sua cascata leceira, desenvolvida durante 80 anos em sua casa.
Refira-se que a cascata Leceira, coberta de tradição, conta-nos uma história, a história de Matosinhos e Leça ao longo dos tempos. Os bonecos, as casas, as árvores, tudo feito a partir de materiais reciclados e reutilizados, com vários mecanismos de movimento, faz agora as delícias de crianças e adultos, tendo sido um dos pólos de atracção deste 15º aniversário do Museu.
Pelas 15 horas, foi a vez de inaugurar a exposição “Pontes Entre Nós”, no Espaço Irene Vilar. Uma exposição dos alunos da Escola Secundária Augusto Gomes, em Matosinhos, com obras de jovens e seniores do concelho. Depois, seguiu-se a apresentação do programa Associação Universidade Sénior de Matosinhos, também no Espaço Irene Vilar, com um momento de poesia com Luis Beirão.
O final de tarde ficou marcado por mais uma visita teatralizada com Baptista, o Mordomo e Gervásio, o Cocheiro. O chefe dos criados da casa conhece todos os (re)cantos do edifício. Sério, discreto, conhecedor da história da Família Santiago. Se todas as visitas teatralizadas são momentos inesquecíveis, a de sábado foi particularmente relevante por assinalar mais um aniversário do Museu da Quinta de Santiago.
Criado em 1996, o Museu encontra-se instalado num edifício histórico, em local proeminente da cidade, rodeado por um jardim. Adquirido pela Câmara Municipal em 1968, o imóvel é testemunha privilegiada das profundas transformações urbanísticas e sociais que a cidade conheceu nos últimos cem anos. A preservação da memória histórica é, assim, fortemente potencializada neste espaço que, recordando muito do que Matosinhos/Leça foi no final do século XIX (refúgio de poetas e pintores, local de veraneio e de moda da elite burguesa e intelectual) permite também (porque debruçado sobre o porto de Leixões e com base nas suas colecções) abordar as transformações portuárias e industriais da cidade ao longo do século XX.
Encerrando para obras de restauro da estrutura a 29 de Julho de 2006, reabriu em 28 de Junho 2009, mantendo a linha orientadora de ser um espaço de arte e cultura no qual, além das exposições, têm lugar concertos de música, apresentações teatrais e de dança, conferências, ateliês artísticos, cursos, entre outros.
Integra, desde 2003, a Rede Portuguesa de Museus criada pelo Ministério da Cultura, e é um dos espaços museológicos fundadores da MuMa – Rede de Museus de Matosinhos.
Além do interesse arquitectónico do edifício, o Museu alberga três tipos de colecções: mobiliário, concordante com a época da sua construção, pintura e escultura.
A colecção de pintura tem por base três artistas relacionados de modo estreito com Matosinhos: António Carneiro (1872-1930), notável retratista e autor de dezenas de marinhas de Leça, de feição simbolista; Agostinho Salgado (1905-1967), natural de Leça, produziu inúmeras paisagens leceiras, de cariz naturalista; Augusto Gomes (1910-1976), pintor ligado ao neo-realismo, enalteceu os usos e costumes dos pescadores de Matosinhos nas suas telas.
As esculturas, expostas no interior da casa, nos jardins e em reservas visitáveis, são da autoria dos mestres Barata Feyo (1902-1990), Álvaro Siza, Gustavo Bastos, Ruy Anahory, Lagoa Henriques e Irene Vilar.
Como não poderia deixar de ser, marcou presença neste 15º aniversário do Museu da Quinta de Santiago, o Vereador da Cultura, Fernando Rocha.

