
19 a 28 Nov '10
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2010-11-19 00:00:00
2010-11-28 00:00:00
Europe/Lisbon
«A noite de Ravensbruck»
Cine-Teatro Constantino Nery
Local:
Cine-Teatro Constantino Nery
Arquivo
Co-produção Cine-Teatro Constantino Nery/ Teatro Art'Imagem
19 a 28 Novembro (de quarta a sábado às 21:30 e domingo às 16:00)
19 a 28 Novembro (de quarta a sábado às 21:30 e domingo às 16:00)
Ficha Artística:
Estudo Dramático de José Viale Moutinho
Versão Cénica e Encenação de José Leitão
Interpretação de Eva Fernandes, Joana Carvalho, Luísa Pinto e Odete Môsso
Assistência de Encenação de Flávio Hamilton; Figurinos de Luísa Pinto; Desenho de Luz de Bruno Santos; Sonoplastia de Pedro Moreira; Vídeo de Miguel Miranda; Espaço Cénico de José Leitão e José Lopes
Classificação etária: M/ 12 anos
Estudo Dramático de José Viale Moutinho
Versão Cénica e Encenação de José Leitão
Interpretação de Eva Fernandes, Joana Carvalho, Luísa Pinto e Odete Môsso
Assistência de Encenação de Flávio Hamilton; Figurinos de Luísa Pinto; Desenho de Luz de Bruno Santos; Sonoplastia de Pedro Moreira; Vídeo de Miguel Miranda; Espaço Cénico de José Leitão e José Lopes
Classificação etária: M/ 12 anos
Vais morrer entre as quatro paredes deste campo. Aqui entra-se por aqueles portões e sai-se pela chaminé, feita fumo !
“A Noite de Ravensbruck” é um texto inédito de José Viale Moutinho, a que ele chamou Estudo Dramático. Neste texto aborda-se um assunto praticamente inexistente na literatura dramática portuguesa - o Holocausto e a segunda Guerra Mundial - avivando-nos a memória e recordando-nos que os milhões de seres humanos mortos, vítimas da carnificina nazi e dos seus cúmplices não pertencem apenas a um só povo, a uma só religião, a um só país. Os desaparecidos são património de toda a humanidade.
As três personagens, mulheres, coreutas, fantasmas, anjos, cujos corpos, vozes e acções lembram-nos a ignomínia a que foram sujeitos milhões de seres humanos nos campos de morte que os nazis aperfeiçoaram, questionam a nossa memória e colocam-nos perguntas incómodas: como foi tudo isto possível ? como é que isto é ainda possível, hoje, século XXI, 2010 ?
Afinal todos sabemos que todo o mundo sabe o suficiente do que se passa no mundo. Nós e os espectadores também. Não é de informação que necessitamos. O que nos falta, talvez, é a coragem para compreender o que sabemos e daí tirarmos as nossas próprias conclusões !
Afinal todos sabemos que todo o mundo sabe o suficiente do que se passa no mundo. Nós e os espectadores também. Não é de informação que necessitamos. O que nos falta, talvez, é a coragem para compreender o que sabemos e daí tirarmos as nossas próprias conclusões !
José Viale Moutinho é um nome bem conhecido da literatura portuguesa. Nascido no Funchal em 1945, viveu grande parte da sua vida no Porto, onde foi jornalista do Diário de Notícias. Em 1968 estreou-se com a novela “Natureza Morta Iluminada”. Poeta, ficcionista, tradutor, contista, antologiador, “quase” historiador (é um dos escritores portugueses que melhor conhecem e escrevem sobre a Guerra Civil espanhola), camiliano e tudo!..
Tem algumas obras adaptadas para o teatro e em 2007 a sua tradução de “Fulgor y Muerte de Joaquín Murieta” de Pablo Neruda foi levada à cena numa co-produção do Teatro Art´Imagem com o T.N. São João.
Este seu novo texto é agora levado a cena pelo Teatro Art´Imagem em co-produção com o Cine Teatro Constantino Nery, de Matosinhos, numa versão cénica e encenação de José Leitão.
Tem algumas obras adaptadas para o teatro e em 2007 a sua tradução de “Fulgor y Muerte de Joaquín Murieta” de Pablo Neruda foi levada à cena numa co-produção do Teatro Art´Imagem com o T.N. São João.
Este seu novo texto é agora levado a cena pelo Teatro Art´Imagem em co-produção com o Cine Teatro Constantino Nery, de Matosinhos, numa versão cénica e encenação de José Leitão.
“A Noite de Ravensbruck” conta-nos o dia-a-dia de três deportadas prisioneiras num campo de morte nazi, o seu concentracionário quotidiano, vigiadas, humilhadas e violentadas por uma guarda alemã.
Estamos na Primavera de1945 e a Alemanha está prestes a ser derrotada. O Exército Vermelho aproxima-se de Berlim. Em Ravensbruck, mesmo no coração do 3º Reich, num campo de concentração “específico” para mulheres, deambulam como fantasmas Betty, Odette e Sara, deportadas de outros países europeus, narrando-nos as condições inumanas em que sobrevivem naquele local de vergonha e morte. Os seus dias começam e terminam ainda e sempre noite cerrada, ao som de sirenes, marchas militares, impropérios e violência dos seus sequestradores. A morte está sempre presente e ronda permanentemente as suas vidas pela brutalidade dos seus vigilantes, seja pela fome, o frio e trabalhos forçados a que estão sujeitas ou pelos continuados fuzilamentos e iceneração nos fornos crematórios.
Estamos na Primavera de1945 e a Alemanha está prestes a ser derrotada. O Exército Vermelho aproxima-se de Berlim. Em Ravensbruck, mesmo no coração do 3º Reich, num campo de concentração “específico” para mulheres, deambulam como fantasmas Betty, Odette e Sara, deportadas de outros países europeus, narrando-nos as condições inumanas em que sobrevivem naquele local de vergonha e morte. Os seus dias começam e terminam ainda e sempre noite cerrada, ao som de sirenes, marchas militares, impropérios e violência dos seus sequestradores. A morte está sempre presente e ronda permanentemente as suas vidas pela brutalidade dos seus vigilantes, seja pela fome, o frio e trabalhos forçados a que estão sujeitas ou pelos continuados fuzilamentos e iceneração nos fornos crematórios.
Marchas militares, vozearia, gritos de comando, gritos de dor. Ladrar de cães, tanques em marcha, tropas marchando, lama, sirenes, tiros, comboios apitando terminando a sua marcha de morte. Torres de vigia, arame farpado, portões fechados. Noite. Interior de barracões-dormitórios. Beliches de três pisos amontoados de mulheres esqueletos, farrapos humanos cobertos de uniformes às riscas, cor de cinzas.
Em Berlim, homens de negócios falam da vantagem da mão de obra gratuita nos campos de concentração e que tanto farão pela indústria alemã. É a economia...
Numa confeitaria, durante a guerra, a patroa e a cliente filosofam sobre a vida e a juventude alemã...
Uma mãe conta histórias a uma filha e é por esta questionada, contraditada...
Wagner e as suas músicas, as suas teses raciais...
Em Berlim, homens de negócios falam da vantagem da mão de obra gratuita nos campos de concentração e que tanto farão pela indústria alemã. É a economia...
Numa confeitaria, durante a guerra, a patroa e a cliente filosofam sobre a vida e a juventude alemã...
Uma mãe conta histórias a uma filha e é por esta questionada, contraditada...
Wagner e as suas músicas, as suas teses raciais...
* Quando aqui cheguei, um esqueleto ambulante veio ter comigo e perguntou-me se tinha alguma coisa que lhe desse para comer, para beber, queria chocolate... (Odette, deportada)
* Vais morrer entre as quatro paredes deste campo. Aqui entra-se por aqueles portões e sai-se pela chaminé, feita fumo ! (Guarda Muller)
* Nós quando éramos gente usávamos papelotes para fazer caracóis, para nos pormos bonitas, à moda de Paris ! (Sara, deportada)
* O melhor espectáculo que posso ter num campo como este, que foi o campo da minha juventude, é a cerimónia das chamadas. A chamada é o temor das mulheres frágeis, é quando as que se cagam, cagam mesmo e acabam ali ! (Guarda Muller)
* As nossas cabeças rapadas, as nossas fardas às riscas, os nossos socos agarrados à lama, os nossos olhos que não se erguem do chão ! (coro das deportadas)
* Ontem à tarde, quatro deportadas e uma ucraniana evadiram-se deste campo ! (altifalante do campo de concentração)
* Uma bota nazi nunca teve gente dentro, meu amor ! (Sara, deportada)
* Pobre de mim, que sempre obedeci a ordens e agora devo ser sacrificada ! (Guarda Muller)
*Ave, viva, liberdade / Finalmente chegaste / Já não há uma única grade / Já não há sequer um carrasco / Todos são livres / livres / livres / livres (coro das deportadas)
* Mamã, mamã ! Diz-se carrasco ou carrasca ? Verdugo ou verduga, mamâ ? (Filha)
* Vais morrer entre as quatro paredes deste campo. Aqui entra-se por aqueles portões e sai-se pela chaminé, feita fumo ! (Guarda Muller)
* Nós quando éramos gente usávamos papelotes para fazer caracóis, para nos pormos bonitas, à moda de Paris ! (Sara, deportada)
* O melhor espectáculo que posso ter num campo como este, que foi o campo da minha juventude, é a cerimónia das chamadas. A chamada é o temor das mulheres frágeis, é quando as que se cagam, cagam mesmo e acabam ali ! (Guarda Muller)
* As nossas cabeças rapadas, as nossas fardas às riscas, os nossos socos agarrados à lama, os nossos olhos que não se erguem do chão ! (coro das deportadas)
* Ontem à tarde, quatro deportadas e uma ucraniana evadiram-se deste campo ! (altifalante do campo de concentração)
* Uma bota nazi nunca teve gente dentro, meu amor ! (Sara, deportada)
* Pobre de mim, que sempre obedeci a ordens e agora devo ser sacrificada ! (Guarda Muller)
*Ave, viva, liberdade / Finalmente chegaste / Já não há uma única grade / Já não há sequer um carrasco / Todos são livres / livres / livres / livres (coro das deportadas)
* Mamã, mamã ! Diz-se carrasco ou carrasca ? Verdugo ou verduga, mamâ ? (Filha)
Conteúdo atualizado em6 de março de 2019às 12:06
